Criatividade, curiosidade e o ser epistêmico

Estava pensando sobre a criatividade, curiosidade e o ser epistêmico. A epistemologia ou a teoria do conhecimento é uma das áreas da filosofia que estuda o conhecimento. Ela estuda a formação do conhecimento, a diferença entre ciência e senso comum, a validade do saber científico, dentre outras. O foco está na curiosidade, na investigação das grandes categorias do pensamento: espaço, tempo, causalidade, etc. A minha preocupação é sobre a capacidade para o pensamento e sobre a saturação de pensamentos que somos, atualmente, submetidos, devido às grandes categorias de estímulos que estamos submetidos. 
Vamos pensar na criança e na sua constituição. O brincar é essencial para o seu desenvolvimento. Muitas vezes, o bebê brinca com feixes de luz que adentra o quarto, em determinada hora do dia. Ela vai de forma sensorial formando o seu pensamento no espaço e tempo. Há rotinas que são inseridas que dão sentido e significado à subjetividade e assim, formando sua identidade. E a criança constrói um repertório simbólico em que diante de ausências ou faltas, esse brincar e a criatividade promovem, preenchendo de forma saudável, os seus momentos de angústias e desespero. 
Com a modernidade e a velocidade, observamos crianças entretidas com brinquedos e jogos eletrônicos em que permanecem horas sentadas e voltadas para um universo repetitivo, acéfalo e viciante. A criança de hoje será um adulto no futuro intolerante à frustração, indiferente, narcísico, passivo, entediado e com tendências suicidas. Brincar, jogar, correr, cair e levantar, competir, sofrer, chorar, levar “nãos” são essenciais para a formação da personalidade. 
Hamlet diz assim: “É nobre que a mente possa sofrer, aprender a sofrer ao invés de fugir”. A curiosidade é muito importante, ela é o tempero do desafio que leva às conquistas. Encontramos facilidades tecnológicas que estão formando pessoas que me remetem à obra de Tarsila do Amaral, “Abaporu”, 1928. Essa obra teve um significado importante, pois, fez parte do período antropofágico do movimento modernista no Brasil. No quadro vemos a valorização do trabalho braçal (observe o pé e a mão enormes) e a desvalorização do trabalho mental (repare na cabeça minúscula). A cabeça minúscula significa a falta de pensamento crítico, que se limita a trabalhar com força, mas sem pensar muito, sendo então uma possível critica à sociedade da época.
E hoje? O cérebro é complexo, necessita de trabalho. Ele é um órgão plástico, vivo e pode de fato transformar as suas próprias estruturas e funções, mesmo em idades avançadas. Com tantas facilidades e recursos tecnológicos, poderemos sonhar o homem do futuro, com uma cabeça ínfima ou minúscula e um corpo escultural, musculoso, bombado ou minúsculo também? Precisamos desenvolver recursos cada vez mais sofisticados para dar conta da realidade complexa da mente humana. Socorro Charles Darwin!! 

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