Crise e aumento de contas causam 600 demissões no setor industrial

Se aprovadas, as medidas passam a vigorar a partir de março, podendo a data ser alterada, conforme indicações no dia do ato.

REGIÃO - Rogério Lopes

Data 22/02/2015
Horário 08:00
 

Em um momento em que autoridades, comerciantes, industriais e população enfatizam a situação "crítica" da economia nacional, conforme já noticiado em algumas reportagens deste diário, a perspectiva de um novo aumento nas contas de energia pode provocar ainda mais problemas, principalmente para o setor industrial que, desde 2014, sofre com o aumento de taxas, encargos e impostos e, de acordo com o diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São) em Presidente Prudente, Wadir Olivetti Júnior, tem prejudicado a produção e acarretado em demissões. Só em janeiro deste ano, o diretor ressalta que foram fechados, na região, 600 postos de trabalho, número que atinge a quantia de 1,8 mil, entre 2014 e 2015. Já no Estado, o representante informa que foram, aproximadamente, 128 mil demissões, devido ao cenário financeiro "complicado" que o país enfrenta.

Jornal O Imparcial Energia elétrica pode ficar mais cara, a partir de março

Segundo informações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), duas audiências públicas serão votadas na próxima semana. Uma das propostas aborda a revisão das bandeiras tarifárias, hoje empregada da seguinte forma: quem figura na bandeira vermelha paga uma tarifa com cifras de R$ 3 pelo consumo (seja repartições ou residência) de 100 kWh (quilowatt-hora), valor que passará, caso seja aprovada a medida, para R$ 5; os consumidores enquadrados na bandeira amarela, que, hoje, tem um acréscimo de R$ 1,50 pelo consumo de 100 kWh, o lançamento será de R$ 2,50; já os que permanecem dentro do contexto da bandeira verde, considerada condições favoráveis de consumo de energia elétrica, continuam sem tarifas adicionais. Outra é fazer uma revisão tarifária extraordinária, ou seja, em um contexto geral das tarifas que compõem e são cobradas nas contas. Se aprovadas, as medidas passam a vigorar a partir de março, podendo a data ser alterada, conforme indicações no dia do ato.

De acordo com Olivetti Júnior, ao longo dos anos, as indústrias da região – aproximadamente 1,6 mil, distribuídas pelos 64 municípios que integram o escritório regional do Ciesp e empregam cerca de 15 mil pessoas – realizam projetos e estudos que viabilizam a economia e a diminuição do consumo de energia elétrica. Em contrapartida, o responsável diz que faltou tal planejamento por parte dos governantes. "As empresas fazem a sua parte, pensam em usar de forma consciente e sensata. Mas os governos não fizeram o mesmo e acabou chegando a este ponto difícil", frisa.

O diretor esclarece que em um aspecto geral da economia, os aumentos dos encargos fiscais, taxas, impostos e da energia, causam um impacto diretamente nas empresas, o que acarreta maior valor no custo de produção, queda na mesma e, com isso, ocasiona as demissões. "Vivemos um momento delicado. As autoridades têm que pensar muito bem e propor iniciativas para que a situação não se torne irreversível", pontua.

Olivetti Júnior lembra ainda que se o PIB (Produto Interno Bruto) ficar dentro da expectativa de zero crescimento, ainda será algo "até sensato" pela atual condição do Brasil, porém, acredita que fique até na estância negativa. "O país passa por um momento terrível. Corremos o risco de ‘andar para trás’ e enfrentarmos um decréscimo na economia", frisa.

 

Energia mais cara


Em foco desde o fim de 2014, os reajustes nas contas de energia têm "tirado o sono" de muitos brasileiros, fato confirmado entre as diversas conversas com a população e estabelecimentos comerciais e industriais e pontuado por O Imparcial em matérias anteriores. Mesmo com os acréscimos já executados, a Aneel propõe novas medidas que, se aprovadas em votação – conduzida por cinco diretores do órgão, sendo que a aprovação tem que ter ao menos três votos favoráveis – feita em audiências públicas na semana que vem, provavelmente no dia 24, vão "apertar", ainda mais, o orçamento.

Segundo a Assessoria de Imprensa da agência nacional, as propostas, que abordam as bandeiras tarifárias e uma revisão extraordinária de tarifas estão dentro da metodologia da revisão e tem como objetivo propagar o uso consciente da energia elétrica, combater o desperdício e buscar um equilíbrio setorial da energia que, de acordo com o órgão, "apresenta, hoje, um desequilíbrio nas distribuidoras". Caso queira acompanhar o ato, as pessoas podem assistir o encontro, em tempo real, transmitido pelo site http://www.aneel.gov.br/.

 

Impostômetro

Como publicado nesta semana, de 1º de janeiro até quarta-feira, o brasileiro, em âmbito nacional, tinha pago R$ 277.990.054.313,81. No Estado o número atingiu, na hora do levantamento, R$ 21.324.162.856,37. Já nas cidades que integram a 10ª RA (Região Administrativa), mais a cidade de Quatá, onde este veículo circula, a arrecadação tributária rendeu aos cofres públicos R$ 261.606.736,14. Se consultados hoje, através do Impostômetro – Sistema Permanente de Acompanhamento das Receitas Tributárias, desenvolvido pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), os valores vão ser superiores, já que a atualização é constante.
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