Curso de técnicas avançadas para cirurgia da coluna reúne especialistas do país em Prudente

Trio prudentino responsável pelos ensinamentos integra restrito grupo de cirurgiões que utiliza tais métodos, menos invasivos, em todo o Brasil

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 05/04/2024
Horário 05:25
Foto: Cedida
Intervenção será transmitida ao vivo aos participantes que debaterão procedimento do auditório
Intervenção será transmitida ao vivo aos participantes que debaterão procedimento do auditório

De 10 a 15 cirurgiões de todo o país participam nesta sexta-feira e no sábado, no auditório da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, a partir das 8h, do Curso de Acessos Antero-Laterais. Ministrado pelos ortopedistas e cirurgiões de coluna, Flávio Porto e Alexandry Carvalho, e o cirurgião vascular, Bruno Cardelino, o encontro discutirá técnicas mais avançadas, modernas e menos invasivas, a XLIF (do inglês Extreme Lateral Interbody Fusion) e a ALIf (do inglês Anterior Lumbar Interbody Fusion), para cirurgias de coluna, principalmente a lombar, que são realizadas pelo abdômen, pela parte da frente ou pelo lado, diferente dos procedimentos feitos tradicionalmente pelas costas. O primeiro dia de aprendizado será todo voltado a discussões sobre os procedimentos, já no sábado será feita uma cirurgia com tais técnicas, com transmissão ao vivo ao auditório e debate aprofundado entre os participantes.

Flávio explica que as técnicas abordadas no curso são desenvolvidas para serem aplicadas em cirurgias comuns, como de artroses na coluna, estenoses (estreitamento do canal espinhal como resultado da degeneração de articulações, bem como dos discos intervertebrais), espondilolistese (deslocamento parcial de um osso na região lombar), e pacientes que já possuem histórico de cirurgia lombar. “Então, essas técnicas vêm para modernizar as cirurgias que são feitas para problemas muito comuns da coluna lombar, que dão dores nas costas e que descem pelas pernas também, fraqueza, formigamento, choques”, esclarece.

O trio responsável pelo ensinamento, que está entre um restrito grupo de cirurgiões que se utilizam tais técnicas no país, já desenvolve tais práticas há anos, com cursos de aperfeiçoamento, treinamento em cadáveres, entre outras atividades. “Como já trabalhamos há algum tempo, agora estamos começando a divulgar e ensinar essas técnicas para outros cirurgiões, pelos benefícios que elas têm e pelo que podem proporcionar de melhor ao paciente”, relata. “Trata-se de uma evolução na cirurgia da coluna, mas pouca gente faz e muitos têm interesse. Então, começamos a desenvolver alguns cursos, direcionados para cirurgiões de coluna, ortopedistas ou neurocirurgiões, já especialistas e que já operam coluna, que vêm para uma discussão bem detalhada em cima destas técnicas”, complementa.

O médico pontua que, além dele e do também ortopedista e cirurgião de coluna, Alexandry, o cirurgião vascular, Bruno, especialista em acesso, participa das cirurgias, pois estas são feitas pelo abdômen e indicam a possibilidade de trabalhar sobre grandes vasos que estão à frente da coluna, como a artéria aorta, a veia cava e ilíacas.

Tecnologia como aliada

Assim como as novas técnicas, Flávio ainda aponta que a tecnologia tem contribuído para o maior sucesso dos procedimentos cirúrgicos, com a utilização das reproduções de colunas em impressão 3D. “Pegamos exames do paciente e enviamos para São Paulo, onde um colega faz a impressão 3D. Tenho a reprodução da coluna em mãos para poder estudar as alterações, as estenoses, os escorregamentos, as artroses, os desvios. Eu consigo estudar o caso por meio da coluna do próprio paciente impressa, o que é muito bom, principalmente nos casos mais complexos”, revela. “Mais um recurso que dispomos hoje para planejar as cirurgias. Quanto mais complexas as deformidades ou desvios de coluna que serão operados, mais útil se torna a impressão 3D”, finaliza.

SAIBA MAIS
XLIF 

A técnica cirúrgica XLIF apresenta várias vantagens em comparação com outras abordagens cirúrgicas para a fusão da coluna vertebral, entre elas:
1. Abordagem minimamente invasiva: a técnica XLIF é realizada através de pequenas incisões laterais na região lombar, evitando a necessidade de grandes incisões na frente ou atrás da coluna. Isso resulta em menos danos aos tecidos circundantes, menos dor pós-operatória e uma recuperação mais rápida.

2. Preservação dos músculos e ligamentos: ao acessar a coluna pela lateral, a técnica XLIF permite a preservação dos músculos e ligamentos posteriores da coluna. Isso reduz o risco de instabilidade e limita o impacto na biomecânica da coluna.

3. Menor perda de sangue: a abordagem lateral da técnica XLIF minimiza o risco de lesões em vasos sanguíneos importantes, resultando em uma perda de sangue menor durante a cirurgia.

4. Menor tempo de internação hospitalar: devido à natureza minimamente invasiva da técnica XLIF, muitos pacientes podem ter alta hospitalar mais cedo em comparação com outras cirurgias de fusão da coluna.

5. Potencial para uma recuperação mais rápida: a técnica XLIF normalmente resulta em uma recuperação mais rápida em comparação com outras cirurgias de fusão da coluna. Os pacientes podem retornar às atividades diárias normais mais cedo e experimentar menos restrições a longo prazo.
No entanto, é importante ressaltar que a técnica XLIF pode não ser adequada para todos os pacientes. É essencial discutir com seu médico as opções de tratamento disponíveis e determinar a abordagem cirúrgica mais apropriada para o seu caso específico.

ALIf
Já a ALIf dispõe de benefícios para o tratamento de doenças da coluna vertebral, como:

1. Acesso anterior: a ALIf é uma técnica que envolve a abordagem anterior da coluna vertebral, o que significa que o cirurgião acessa a coluna pela frente do corpo. Isso permite um acesso mais direto aos discos e vértebras afetadas, sem a necessidade de deslocar os órgãos internos.

2. Estabilidade: a ALIf envolve a fusão óssea entre duas vértebras adjacentes, utilizando um enxerto ósseo ou um dispositivo de fusão intervertebral. Isso resulta em uma maior estabilidade da coluna vertebral, aliviando a dor e melhorando a função.

3. Correção da deformidade: a técnica ALIf também pode ser usada para corrigir deformidades da coluna vertebral, como a espondilolistese, em que uma vértebra escorrega para frente em relação à vértebra abaixo dela. Ao realizar a fusão intervertebral, a técnica ALIf pode alinhar corretamente as vértebras e corrigir a deformidade.

4. Menor perda de sangue: a abordagem anterior da ALIf geralmente resulta em uma perda de sangue menor em comparação com outras técnicas cirúrgicas da coluna vertebral. Isso pode reduzir os riscos associados à cirurgia, bem como o tempo de recuperação pós-operatória.

5. Recuperação mais rápida: devido ao acesso anterior e à menor perda de sangue, muitos pacientes experimentam uma recuperação mais rápida após a cirurgia ALIf. Isso significa que eles podem retornar às atividades diárias normais mais cedo e ter uma melhor qualidade de vida.

É importante ressaltar que a escolha da técnica cirúrgica adequada depende das características individuais de cada paciente e do diagnóstico específico. É essencial consultar um médico especialista em coluna vertebral para determinar a melhor abordagem cirúrgica para cada caso.

Cedidas


Imagem que exemplifica uma cirurgia realizada através da técnica ALIf


Flávio: “Quanto mais complexas as deformidades a serem operadas, mais útil se torna a impressão 3D”

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