Desmond Tutu

António Montenegro Fiúza

«O meu pai costumava sempre dizer: “não levantes a voz, melhora a tua argumentação.” O bom senso nem sempre está com quem grita mais alto, nem se pode dizer que uma multidão grande indisciplinada é sempre o melhor árbitro do que é correto.» Desmond Tutu 

Correspondendo à sua missão cristã, por onde andou levou a paz e por tal foi, mundialmente, reconhecido; uma paz inconformista, revolucionária e transformadora. Desmond Tutu ergueu a sua voz e dedicou os 90 anos da sua vida à elevada e sublime causa da igualdade entre as pessoas: pelos direitos civis iguais para todos, pela revogação das leis que delimitavam o acesso a espaços e vias a negros, num país que a eles pertencia por direito e por nascença. Incansável e inabalavelmente, trabalhou por um sistema educacional comum, para que imperassem, verdadeiramente, os Direitos Humanos universais e inalienáveis a todos os sul-africanos e africanos em geral. Pelejou pelo fim do apartheid, quando a realidade ainda era hostil, violenta, tenebrosa e assustadora.
Apaziguadora e imperturbável, uma das vozes inconfundíveis da humanidade; não se tendo expressado utilizando a língua portuguesa, não poderíamos deixar de prestar a nossa singela homenagem ao Nobel da Paz, um verdadeiro herói dos nossos dias. 
Desmond Tutu foi arcebispo da Igreja Anglicana na África do sul, Primaz da mesma na África Austral e o primeiro negro a ser nomeado deão da catedral de Santa Maria, quando a maioria não era reconhecido sequer o direito à livre circulação, ao voto e a outros direitos fundamentais. 
Ciente do seu papel como líder clerical, da influência que granjeava junto às pessoas e aos organismos nacionais e internacionais, iniciou protestos pacíficos contra o governo estabelecido, escreveu um conjunto de livros e sermões, revolvendo sobre a temática da mudança necessária, das dores e da esperança: de uma revolução pacífica. Fez uso de sua posição e influência, para dar voz aos outros; empático, sereno, um líder visionário. 
Embora já não se possa fazer ouvir a sua voz, aquele que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984, o Prêmio Albert Schweitzer, em 1986 e o Prêmio Gandhi da Paz em 2005, entre vários outros, prestigiantes e honrosos, faz-se ainda ouvir, nos corações das pessoas a quem salvou e mudou o curso da vida, nos mais de 60 milhões de sul-africanos, por toda a lusofonia e no planeta inteiro.

«Faça o seu pouco de bem onde você está; são esses pequenos pedaços de bem que inundam o mundo.» Desmond Tutu

 


 

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