Dia das Mães

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 10/05/2022
Horário 05:00

Com o emergir das causas identitárias, o Dia das Mães tem sofrido questionamentos sobre sua manutenção ou mesmo sua retirada anual das celebrações. 
Parece pacífica a ideia de que sua chamada às compras e ao consumismo é equivocada e se faz mesmo necessário repensar o ideário mercantilista da agenda. Contudo, deve-se extrair o Dia das Mães do calendário?
O Dia das Mães, implementado no Brasil com Getúlio Vargas (1932), teve seu início em 1850 nos EUA por meio de uma senhora chamada Ann Reeves Jarvis que, reunindo clubes de trabalho, congregava-se em encontro de mães. Os clubes de trabalho atuavam para melhorar a qualidade de vida, sobretudo das crianças, no fim do século XIX. Dos encontros passaram a organizar confraternizações em dia, convencionalmente, das Mães para a participação efetiva das mulheres na política e promoção da paz.  
Jarvis engajou nessas atividades sua filha Anna que, inspirada por sua mãe (falecida em 1905), passou a organizar o Dia das Mães como uma celebração dos filhos e filhas às progenitoras, com o ingrediente da gratidão pelos esforços e amor materno. Anna, segundo a história, nunca teve filhos, mas soube garantir a data para honrar as mulheres que davam as suas vidas em favor de seus rebentos e crias. 
Reconhecer as dificuldades relacionadas com a comemoração exige reflexão e sensibilidade de toda a sociedade, sobretudo, quanto aos sentimentos de orfandade daqueles/daquelas que não podem contar com a presença materna mais ao seu lado. Talvez em razão de falecimento ou mesmo o distanciamento/separação devido às diferentes dinâmicas familiares contemporâneas. 

A festa da maternidade – Embora se cuide com carinho extremo, para que as festividades alusivas à data não machuquem crianças/adolescentes/jovens, que vivenciam outras possibilidades de cuidados, a relação mãe e filho é uma realidade inquestionável! Não se prescinde de uma mãe em qualquer existência, independente se gerou no ventre ou no coração. A mãe (ainda que seja parente próximo ou adoção) se faz presente na vida do ser humano e com intensidade existencial!

A festa do amor materno – Pode não ser o carinho/amor da mãe e, negar tal realidade, é desconhecer o cotidiano que marca o ser humano em nosso tempo. Contudo, reter a possibilidade de elogio ao objeto de amor – aquela que me deu à luz ou aquela que me cria e me ama – parece reduzir toda a história de tantas Marias, Carolinas, Joanas, Ritas...  Às vezes sozinhas, às vezes acompanhadas, mas a mesma linguagem a apontar: mãe é a representação de amor e cuidado sempre!

A festa da mãe: limites e desafios – É preciso cuidar que, aquele/aquela privado/a do contato com a mãe, não sofra tanto! Sobretudo, encontre compreensão e conforto às emoções em empatia e alteridade do que está/é seu próximo a fim de que a vida continue, a despeito da ausência materna ou paterna. A dor de perder ou estar distante de mãe é profunda e intensa. Requer paciência e adaptação à realidade que se faz dinâmica no percurso da vida. 
Quando Anna Jarvis percebeu finalidades apenas consumistas no Dia das Mães, passou a organizar protestos para devolver à importante data o seu propósito original.
Espera-se algumas iniciativas para a reflexão de tão relevante celebração. 
 

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