Diretores da Ultras decretam o fim da torcida

Tal descontentamento foi evidenciado pelo diretor da organizada, Luan Gustavo da Silva, de 20 anos, antes da estreia da equipe no Campeonato Paulista da Segunda Divisão deste ano.

Esportes - Jean Ramalho

Data 23/08/2013
Horário 11:16
 

Fundada em meados de 2010, por um grupo de amigos apaixonados por futebol, a torcida organizada Ultras Prudentino, do Grêmio Prudente, anunciou nesta semana o encerramento de suas atividades. O motivo alegado pela diretoria da agremiação seria o distanciamento entre a torcida e o time, além de uma possível falta de transparência na administração do clube. Procurado pela reportagem, o presidente Breno Luis Erbella Casari não quis comentar os argumentos apontados pela organizada, mas se disse "sentido com a notícia" e afirmou que irá procurar a cúpula da torcida para tentar reverter essa situação.

Com cerca de 280 sócio-torcedores no auge de sua existência, ainda na primeira versão do Grêmio Prudente, que depois retornou para Barueri ainda no primeiro semestre de 2011, a relação entre a torcida e o clube já vinha delicada há algum tempo. Tal descontentamento foi evidenciado pelo diretor da organizada, Luan Gustavo da Silva, de 20 anos, antes da estreia da equipe no Campeonato Paulista da Segunda Divisão deste ano. Na época, Silva afirmou que o contato entre as partes era "quase zero", cenário que se manteve até a eliminação do time da competição, no último domingo, como relata o próprio diretor.

"Lutamos para tentar manter a torcida. Tentamos apoiar o clube comparecendo nos jogos e até tentamos nos aproximar da diretoria, mas eles não nos deram atenção. A gente não sabe a razão do clube existir, pois um time sem torcida não é time. Não queríamos dinheiro, queríamos respeito, transparência e um time de verdade para torcer, não um clube-empresa que visa lucros", dispara o diretor.

Em toda sua existência, que durou cerca de três anos, a organizada ostentou o lema Caráter, Humildade e União (CHU) em suas bandeiras e camisetas, adjetivos estes, que teriam faltado na relação do Grêmio com os torcedores, como relata Silva. "A diretoria do Grêmio tem que repensar muita coisa. Se continuar assim, a cada ano o número de torcedores vai diminuir mais no estádio. Assim como diz nosso lema, acho que faltou caráter na administração do clube, como também humildade de chegar e conversar com os torcedores, que resultou na falta de união", lamenta o dirigente da Ultras.

 

Despedida melancólica


Ausente em boa parte dos 14 jogos que o Grêmio Prudente disputou na Segundona, a Ultras Prudentino esteve presente no Estádio Paulo Constantino (Prudentão), no último domingo, quando da desclassificação do time, após perder por 3 a 2 para a Internacional, de Bebedouro.

Na ocasião, os poucos integrantes da organizada – ao todo cinco –, ostentaram faixas e entoaram gritos de protestos contra a maneira de gestão da atual diretoria do clube, a qual denominam de "futebol moderno". Em uma das faixas, inclusive, o grupo decretava "ódio eterno ao futebol moderno".

A partida, conforme outro diretor da organizada, o vendedor Felippe Carlos da Silva, de 19 anos, foi a última em que a torcida compareceu no estádio para apoiar o Grêmio e também a última de sua existência. Segundo ele, os protestos tiveram o objetivo de alertar a direção do clube para a necessidade de haver maior respeito e transparência na administração da equipe. "Enquanto o time não tiver respeito com o torcedor e mostrar realmente o motivo de existir, vai ficar difícil dos prudentinos abraçarem o Grêmio. A gente fica triste, pelo fato da Ultras acabar, mas bate uma revolta, pela situação que o clube se encontra", afirma o diretor.

 

Rever a decisão


Em meio a um turbilhão de más notícias, que envolvem a eliminação do Paulista da Segunda Divisão e a desativação, momentânea, do departamento profissional do clube, o mandatário gremista não quis comentar sobre os motivos alegados pela organizada, mas demonstrou tristeza ao ser questionado sobre o anúncio e disse que irá procurar os diretores da torcida para repensem essa decisão.

"Fico muito triste, pois todo time precisa de uma torcida. A gente sempre trabalha para manter um laço afetivo com os torcedores. Então, vamos procurá-los para tentar reverter essa decisão para o bem da Ultras e do Grêmio Prudente", pontua Casari.

 

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