Diversão eletrônica requer regras para utilização

A psicóloga Vanessa Zapf lembra que alguns cuidados são necessários com o avanço da tecnologia dentro dos lares, principalmente às crianças e adolescentes

- GABRIEL BUOSI

Data 01/08/2018
Horário 08:29

É fato que, entre outros benefícios, a tecnologia permite promover a diversão para crianças, jovens e até mesmo adultos. O entretenimento é caracterizado, por exemplo, pelos famosos jogos para computadores e até mesmo específicos para videogames, e desenvolvem habilidades motoras, perseverança e inteligência, conforme a psicóloga clínica Vanessa Zapf. Mesmo com os benefícios, a especialista lembra que alguns cuidados são necessários com o avanço da tecnologia dentro dos lares, principalmente às crianças e adolescentes. “Eles possuem seus próprios eletrônicos e torna-se um pouco mais difícil regrar quando já não foi ensinado a usar a criatividade para brincadeiras e seu passatempo são apenas os eletrônicos. Desta forma, é importante que o adulto desenvolva o papel de colocar regras”, esclarece.

Momento de alerta

De acordo com a psicóloga, para identificar se a diversão, como computadores ou videogames, está se tornando algo prejudicial a crianças, jovens e adultos, é preciso observar o tempo em que essa pessoa fica imersa no mundo virtual, bem como analisar o grau de frustração no momento em que é retirado o meio eletrônico. “Quando há a troca do convívio com amigos, brincadeiras, e essa pessoa começa a se isolar, é importante reavaliar o uso dos aparelhos e/ou procurar um profissional que possa orientar”. A especialista ressalta a importância de se atentar à indicação de idade de cada jogo e sites, já que “todos somos” influenciados por tudo o que nos cerca, ação que pode trazer consequências, como ansiedade, caso o material não seja apropriado à faixa-etária.

Indicações necessárias

Vanessa ressalta que existe um tempo ideal para que cada faixa-etária esteja em contato com atividades eletrônicas, como, por exemplo, a indicação de 40 minutos ou uma hora por dia a crianças, e cerca de duas horas a adolescentes. “Não adianta tentar privar, pois os pais também utilizam. Para todas as idades o importante é que sejam oferecidos os jogos após as tarefas realizadas, como passeios, lições de casa e alimentação, para que eles percebam que existem outras coisas além deste mundo que muitas vezes abduz”. Por fim, ela esclarece que as consequências aumentam conforme a idade, como ter a criatividade “engessada” na infância, por receber tudo pronto, mas ressalta que, quando adulta, essa pessoa habituada a se divertir em meios eletrônicos poderá se isolar e dar menos atenção para outras atividades.

Consequências significativas

Para o sociólogo Luiz Antônio Sobreiro Cabrera, é possível situar a inclusão de novas formas de diversão, como os games e computadores, com a chegada do século 20, quando novos elementos de comunicação são inseridos e servem para a mediação da sociedade contemporânea. “Ao longo da nossa história vão surgindo novas mídias e que passam a ter relações humanas mediadas por estes novos instrumentos. Essas novas tecnologias promovem a interação social e o intercâmbio cultural e que pretendem suscitar os mesmos desejos e prazeres que as antigas brincadeiras”.

Luiz afirma ainda ser inevitável o surgimento destas ferramentas, já que o mundo está em constante evolução, mas deixa um alerta ao dizer que a atual sociedade é a primeira geração que “escolhe por si própria”, ação que pode trazer consequências futuras. “Antes, os pais diziam como agir e como brincar, mas isso não ocorre mais. Temos uma nova forma de relacionamento social, baseado na voluntariedade, mas não é possível dizer se serão consequências boas ou ruins, pois isso está nas mãos da própria sociedade e na maneira com que cada um lida com essa oportunidade”, considera.

                                                                         José Reis

Vanessa: "Adultos devem colocar regras"

PERFIL

                                                                         José Reis

Nome completo e idade: Sergio Ruiz Ferreira, 30 anos

Curso: Pós-graduação em Fisiologia, Metabolismo do Exercício e Treinamento

Faculdade: Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)

Cidade de origem: Presidente Prudente

O mundo dos games surgiu quando e de que maneira na sua vida?

Por volta dos 6 anos, meu pai nos presenteou com nosso primeiro videogame, era um Atari 2600 e isso ocorreu por volta de 1993 ou 1994, onde era tudo novidade e com certeza foi uma loucura entre nós [irmãos] e os primos. Os anos se passaram e mais ou menos aos 13 anos ganhamos outro videogame, mais atualizado nos anos de 2000, que foi o clássico Super Nintendo. Outra loucura de tecnologia e inovação que me contagiou novamente na adolescência. Com isso, os anos se passaram e, aos 16 anos, em 2004, ganhamos o famoso Playstation, entretanto foi aos 23 anos, quando entrei no meu primeiro emprego, que eu adquiri por conta própria o Playstation 3, seguido neste ano do presente de aniversário e Natal do ano passado, minha esposa me presenteou com o Playstation 4.

Você sempre conseguiu conciliar os jogos com as demais atividades (como escola, faculdade, sair com amigos)?

No período de criança não, porque qual é a criança que não quer brincar até que os pais mandem estudar ou executar os afazeres até que desligue o videogame, né? Porém, quando já adolescente, eu diria que sim, sempre consegui conciliar a diversão dos jogos com churrasquear com os amigos, aniversários, trabalho e faculdade. Nada como utilizar a madrugada para jogar.  

Você chegou a fazer algum curso de informática ou estudou algo na área por causa dos jogos?

Sim. Frequentei o curso de Ciências da Computação da Unoeste [Universidade do Oeste Paulista], pois era incrível o interesse e curiosidade nas novas e incríveis tecnologias, juntamente com o assistir da evolução dos games, foi assim que surgiu o interesse. Mas depois acabei enxergando que isso seria só um lazer e me formei em Educação Física.

Quando o assunto são os jogos, você prefere em computador ou videogame? Comente sobre onde você joga e quais os jogos preferidos.

Não tenho uma preferencia entre eles, pois para os apaixonados por emoção e grande histórias, o que realmente importa é jogar. Mas entendo que o videogame é um pouco limitante sobre o aspecto tecnologia, porque você precisa esperar um videogame novo ser lançado para continuar a evoluir na tecnologia. Já no universo do computador você pode ir trocando peças e assim adquirir mais eficiência com o equipamento.

Os jogos já te atrapalharam em algo? Chegou a pensar alguma vez que precisava jogar com menos intensidade por estar deixando de lado alguma atividade?

Não, pelo contrario. Os jogos me ajudaram e muito, por exemplo, a ter mais interesse na língua inglesa, pois a maioria deles é lançada nesta linguagem. Nunca deixei alguma coisa de lado, mas já diminui a intensidade nos jogos de terror onde as emoções do medo ficam a flor da pele.

Até hoje, você acredita já ter investido quanto em jogos e equipamentos para jogos?

Em todos esses anos foram mais ou menos R$10 mil entre televisão, videogame e jogos.

Por fim, como sua esposa lida com essa situação dos jogos? Sente ciúmes ou senta e joga junto?

A minha esposa [Camila] é uma megaparceira, ela joga junto e pergunta dos jogos que ela gosta. Tem até alguns jogos que ela é melhor do que eu e, por fim, tem dias que ela joga e eu fico só no auxílio. É uma diversão em família.

DICA DE FILME

TOMB RIDER – A ORIGEM (2018)

                                                                      Divulgação

THIAGO MORELLO

Da Redação

Se você está acostumado com a presença da atriz Angelina Jolie nos filmes Tomb Rider, na edição do filme de 2018, subintitulado como “A origem”, terá uma grande surpresa. Ícone dos jogos, Lara Croft voltou às telinhas neste ano, mas sob a interpretação de Alicia Vikander. Nesse novo longa-metragem, apesar das mudanças com os atores, as cenas de ação continuam e não deixam a desejar. Desta vez, Lara leva a vida fazendo entregas, no entanto, apesar de se recusar a viver da fortuna da companhia global que seu pai a deixou, ela também recusa o fato dele ter desaparecido há sete anos e vai até o fim do mundo para encontrá-lo. Nessa nova versão, a direção de Roar Utahug dá uma leve cutucada na relação complexa entre pai e filhos do dia a dia, mas também desmistifica a personagem, tida em 2001 - no primeiro filme - como super-heroína. O longa mostra que a nova Lara tem suas fragilidades, mas se prepara para as situações que possivelmente vai enfrentar ao longo da vida.

AGENDA

                               Colégio Anglo Prudentino/Cedida

Para quem curte o mundo tecnológico e virtual e pensa em aliar a diversão com o aprendizado, estão abertas as matrículas para o curso Animoby Games, realizado no Colégio Anglo Prudentino. “A proposta do curso é preparar estudantes para o desenvolvimento e design de jogos digitais de forma lúdica, e, ainda, trabalhar várias habilidades e competências essenciais para o século 21”. Desta forma, a ideia vai na contramão do uso indevido da tecnologia.

Animoby Games

Local: Colégio Anglo Prudentino

Endereço: Rua José Bongiovani, 1595 - Jardim Esplanada – Presidente Prudente

Telefone: 3344-6100 ou 98149 9549

Site: www.animobygames.com.br

Horário: Cursos ocorrem entre 9h e 19h

Inscrições: Pagas, valor a ser informado pela unidade

NA BALADA

                                                                 Fotos: Cedidas

Mariane Pracânica e Samara Kalil

Laís Picholari e Larissa Oliveira

 

 

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