Divino mestre Bottosso. Fazer uma homenagem ao professor Bottosso é algo ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil quando nos lembramos de sua paciência ao ensinar os mistérios das cores e da pintura, que pareciam tão inacessíveis, mas que em suas aulas se revelavam fáceis. Fácil quando nos lembramos do seu carinho cuidadoso com todos os que ele convivia e que buscavam e buscarão através do seu trabalho produzido em mais de oito décadas. Fácil quando nos lembramos de quanto o seu sorriso tornava alegre o nosso dia a dia. Difícil é transformar em palavras esses sentimentos. Os artistas de Prudente e toda a região do oeste paulista participaram da sua vida de alguma maneira, bem como os alunos e hoje também artistas da Escola e Conservatório Musical Maestro Julião. Professor Bottosso faz parte da história das artes plásticas, pintou nas alturas, subiu andaimes e hoje está junto de Deus, continuando a fazer arteirices nas alturas. Divino mestre, se não sabia que o povo prudentino o considerava mestre, assim foi revelado quando o visitei no dia 19 de março de 2012, quando então lhe chamei de mestre e trocamos algumas ideias futuras. Na ocasião chegamos a pautar para o mês de abril um projeto, mãos que repousam sobre telas, mas o divino mestre que pintou as maravilhas celestiais e terrenas agora policromatiza o paraíso ao lado dos anjos, arcanjos e querubins. O maior sinal de espiritualidade é colocar o conhecimento em prática, porém só isso não basta, é necessário experimentar a capacidade pictórica e a desenvoltura do artista para se navegar entre os liames da pintura. Ora se sobressaindo pela maneira de olhar, ora levado pela inspiração a criar a obra que uma vez caída no domínio dos olhares de um público jamais será esquecida. Divino mestre Bottosso causou admiração nas pessoas observadoras pela indiscutível criatividade. O artista com pinceladas sutis explorou a luz fazendo das cores um marco de grandes momentos para a posteridade das artes plásticas. Seu trabalho é fascinação, materializou pinturas surpreendentes, intrigantes e que souberam com maestria capturar o olhar. Registrou paixão em cores que se mesclam harmonicamente, suas formas em pinceladas, casarios, curvas próprias jamais repetidas e se repetidas se houvesse necessidade. Nos seus tons claros e nos seus tons escuros continha luz e brilho, suavidade, leveza, estático parágrafo do pensar, do ir sem voltar, do que é querer, desejo sem permissão. De retoques de sua construção única, tudo se fundia como se fossem imensas fotos. Suas obras são lúdicas e levadoras a caminhos de questionamentos, de buscas em suas vielas que se alargaram ou se estreitaram durante as épocas. O divino mestre Bottosso viveu momentos de grande emoção e satisfação, lecionando artes para crianças, adultos e adolescentes no Conservatório Musical Maestro Julião desta cidade. Vocês não imaginam quão gratificante foi o mistério de muitas obras, sensibilizando, desenvolvendo e estimulando pendores inatos, muitas vezes camuflados pelas carências afetivas, culturais e sociais de nossa sociedade. Sempre me pautei sobre o princípio de que toda criança é artista, como dizia Pablo Picasso. Para mim o problema está em como fazê-las permanecerem artistas à medida que elas forem crescendo. Por isso, sempre se focou no alvo mais importante como incentivador que foi o de ensinar e motivá-las para as artes, estimulando-as para a aventura de criar sempre uma obra, seja ela como e qual fosse. Sendo assim, é possível dizer que o nosso divino mestre Bottosso conseguiu ser criança e artista aqui na terra como lá no céu. Amém! Professor divino mestre José Bottosso, descanse em paz. Revitalize o céu também que aqui, por você, muito já está revitalizado.
Professor de idoneidade fora do comum, por tudo o que fez na arte e na educação, pode descansar em paz, pois o povo prudentino e artistas de todo o Brasil só tem a agradecer. Muito obrigado. Viva a vida de José Bottosso. Viva toda a obra do divino mestre.
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. (Fernando Pessoa).