Documentário detalha desastre aéreo de 1951 em Rancharia

Filme, dirigido pelo cineasta João Francisco Souza da Cunha, deve ser lançado ainda este ano na cidade

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 09/07/2015
Horário 09:40
 

 

Em março deste ano, o cineasta João Francisco Souza da Cunha, 38, deu início às gravações de um documentário importante para a história da região: "Rancharia e o desastre aéreo de 1951", pela produtora J. Vídeos Publicidade, em que retratará nas telas, um fato verídico: o acidente ocorrido em 18 de maio de 1951, com o avião comercial DC-3 prefixo PP-SPL, da Vasp. A aeronave levantou voo no Aeroporto de Congonhas com destino a Presidente Prudente e após escala em Santa Cruz do Rio Pardo, caiu a 6 quilômetros de Rancharia (sentido do balneário), matando todos os ocupantes - quatro tripulantes e três passageiros.

De acordo com o diretor, esta tragédia está sendo resgatada agora com o objetivo de recontar a história e buscar esclarecer alguns fatos, como por exemplo, a descoberta de que o laudo da aeronáutica responsabiliza o piloto, João Rizzo, dizendo que naquele momento, ele voava muito baixo, em condições de pouca visibilidade devido ao mau tempo.

Jornal O Imparcial Cunha encontrou várias testemunhas vivas para investigações

"Encontramos testemunhas ainda vivas que afirmam que o avião já pegava fogo antes dele cair. A dona Ondina Taveiros, por exemplo, única passageira que desceu em Santa Cruz, lembra que o avião antes de sair de São Paulo atrasou porque já apresentava algum problema. Um japonês que perderia o avião chegou e disse a ela: ‘Quase perdi o voo, que sorte hein, que sorte...’", frisa o cineasta.

Cunha acrescenta que o ex-prefeito de Rancharia, Nivaldo Deganello, tinha o interesse de contar essa história há algum tempo e o convidou para a produção. "Eu já fiz nove curtas-metragens, mas todos de ficção até então. A princípio seria apenas um relato sobre esse acontecimento triste, mas descobrimos que o piloto pode ter sido responsabilizado injustamente pelo fato, isso mudou muito a linha de desenvolvimento e pesquisa do documentário", acentua.

Conforme Cunha, o desastre poderia ter sido maior, uma vez que a aeronave tinha capacidade para 30 pessoas. No acidente trágico, morreram: Rizzo, o co-piloto Valter Garcia Filho, o radionavegante Ernie Wolf, a comissária Gláucia e os passageiros Eikishi Tsuzuki, Lila Tarabay e Teresa Ramalho Dias.

 

Investigações a fundo

O diretor conta que houve todo um trabalho de pesquisa, investigação no local, onde ele e sua equipe vasculharam toda a área em busca de vestígios, como destroços, para as gravações. E, inclusive, ainda está lá o tronco da aroeira, com o topo quebrado, árvore em que o avião batera antes de cair.

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de São José dos Campos, o Aeroclube de Marília, a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, o Cemitério de São Paulo (necrópole paulista) onde piloto, co-piloto, aeromoça e operador de rádio, estão enterrados lado a lado, o Cemitério São João Batista de Presidente Prudente, onde estão dois passageiros, inclusive Lila Tarabay, foram cenários de visita para as gravações.

 

Entrevistas

Segundo Cunha, dentre os entrevistados para este filme, estão Osmar Pinto Júnior (coordenador do grupo de eletricidade atmosférica), que vai falar sobre as chances e possibilidades de um raio derrubar um avião. "Segundo ele, oficialmente, de 1950 para cá, 14 aviões foram atingidos por raio e diz que o nosso caso pode ser mais um. O laudo oficial não diz nada disso e responsabiliza o piloto pelo acidente", reforça.

Em Marília, Roberto Peterka, perito da força aérea, é ele quem está no caso da queda do helicóptero que matou o filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Thomaz Rodrigues Alckmin, de 31 anos, entre outros.

Em Santa Cruz do Rio Pardo, a equipe falou com dona Ondina. "Ela está com 90 anos e totalmente lúcida. É a única sobrevivente, pois desceu na cidade antes de o avião cair em Rancharia. O irmão dela era comandante desse voo, mas a pedido de um amigo, trocou de rota!", conta.

Várias testemunhas de Rancharia que lembram do acidente, e até mesmo quem viu o avião ainda pegando fogo antes de cair, também relatam as lembranças terríveis daquele 18 de maio. "Uma delas, dona Albina Budisque, recorda que uma dupla caipira fez uma música sobre a queda da aeronave. Ela lembrou parte da letra e já estamos gravando em estúdio para usar como trilha sonora também", destaca o diretor. Um drone também foi utilizado para simular o ocorrido.

 

Fase final

As gravações estão em fase de conclusão devendo levar uns dois meses para a edição final. No dia 1º, a equipe já encerrou a parte do Inpe, agora farão mais duas gravações em Rancharia. Assim que finalizado, o filme deve ser lançado, provavelmente, no Rancharia Clube ou no teatro municipal. Primeiramente será exibido para o público, depois será destinado a quem se interessar pela exibição, disponibilizá-lo no YouTube, além de ser inscrito em mostras e festivais de documentários.

Assim que concluir este projeto, Cunha já começa a rodar um novo: "Olhos Vendados" (direção e roteiro), que fala de um psicólogo que usa o jogo de xadrez para ajudar um jovem autista que tem síndrome do pânico.

 

FICHA TÉCNICA

Produtora: J. Vídeos Publicidade

Produtor: Nivaldo Deganello

Direção: João Francisco Souza da Cunha

Direção de fotografia: Regis Garcete

Assistente de direção: Andrei Silva

Roteiro: João Francisco Souza da Cunha e Nivaldo Deganello

Narração: Nivaldo Deganello

Pesquisa: Nivaldo Deganello, João Francisco Souza da Cunha, Carlos Nascimento, Sérgio Fleury Moraes, Robson Arias

Making of: Thiago Gomes e Andrei Silva

Piloto do drone: Reinaldo Bernardo Barbosa

Assistente de produção: Dica Dellatorre e Fabio da Cunha

Edição: Lucca Galipe

Color grading: Ítalo Padilha

Operador de detector de metal: Dica Dellatorre e Douglas Pereira da Silva
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