Educação e família

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 05/08/2025
Horário 04:30

Caro leitor, há um tempo, que não vai muito longe, a família era mais envolvida, mais comprometida, pois se reunia na hora das refeições, pelo menos em uma delas. Pai ou mãe eram autoridades máximas, nem precisava falar, bastava um olhar e a autoridade se fazia valer. Por isso, a vida parecia organizada, cada coisa, cada pessoa parecia ter seu papel e seu lugar no sistema familiar e social. 
Sendo assim, algumas regras eram comuns a todas as famílias, como não se sentar à mesa sem camisa, dar um beijo em todo mundo quando se chegava e quando se saía. Ao findar as refeições, cada qual tinha seu papel, uns tiravam a mesa, outros lavavam a louça, todos trabalhavam em grupo e o apertar as mãos, o olhar nos olhos eram coisas triviais. Não havia essa coisa de não querer, pois fazer parte era realmente se envolver.
Hoje em dia os papéis se multiplicaram, os desejos também e as coisas se inverteram de maneira dramática e, em muitas famílias, os filhos é que comandam os pais. Diversas pesquisas de consumo mostram que são os filhos que decidem qual carro comprar, para onde vão às férias, qual filme assistir, enfim, eles definem o estilo de vida e os gastos e valores da família.
Diante desse contexto, a autoridade dos pais nunca foi tão questionada e disso decorre uma série de problemas. Segundo o IEV-SP (Instituto de Estatística da Violência), mais de 80% dos lares brasileiros convivem com dívidas. Mais de 40% das crianças e adolescentes encontra-se em sobrepeso. Soma-se isso ao fato de que há um número crescente de jovens que nem quer mais prestar vestibular no final do ensino médio e se percebe que crescer e amadurecer se tornou um projeto sem desejabilidade. 
Logo os pais reclamam que as crianças e os adolescentes mudaram, que estão impossíveis, que querem tudo para si, porém, segundo Freud, criança e adolescente sempre foram assim. Diante dessa afirmativa, podemos afirmar então, que não são eles que estão mais defasados emocionalmente e mais despreparados comportamentalmente. São os adultos que os formam que não têm clara a ideia de limites, que lhes entrega um mundo que elege a bebida, o consumo, os prazeres consumatórios como o projeto de uma boa vida. 
É passada a hora de rever as coisas e reconhecer o papel dos pais enquanto modelos de seus filhos. Se educar dá trabalho, não educar dará muito mais trabalho lá na frente. Por conseguinte, em processos seletivos se destacam efetivamente os candidatos com comportamento diferenciado como: saber trabalhar em equipe, olhar nos olhos, mostrar deferência à autoridade e à hierarquia, falar num linguajar adequado, se vestir com elegância, se dispor a ajudar os outros, se mostrar uma pessoa com energia.
Educar para a “era da sustentabilidade” é antes de tudo refletir sobre o que nos sustenta internamente.
 

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