Educação na pandemia

OPINIÃO - Rosana Borges Gonçalves

Data 30/10/2021
Horário 05:00

Março de 2020, marco histórico para a educação mundial. Escolas fecharam suas portas. Sem saída lógica para o retorno das aulas presenciais, estas foram aos poucos aderindo ao que se chamou de “o novo normal”: aulas online, videoaulas, grupos de WhatsApp, chamadas em vídeo, aulas impressas...
Eis que nos deparamos com uma nova realidade familiar: pais-educadores unidos remotamente a professores. Estes por sua vez, de forma geral, acabaram dobrando seu tempo de serviço entre preparar aulas, gravar e editar vídeos, atender aos pais, preencher relatórios, cadernetas e tirar dúvidas de alunos.
Obviamente que nem tudo foi flores e para ambas as partes ocorreram desafios. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), durante a pandemia de Covid-19, a evasão escolar aumentou 5% entre os alunos do ensino fundamental e 10% no ensino médio.
Famílias sobrecarregadas entre o trabalho fora de casa e as tarefas do lar já não conseguiam dar o suporte educacional necessário a seus filhos. Sem contar aqueles que, devido à falta de recursos financeiros, não tinham internet e por isso não conseguiam garantir o acesso de seus filhos às aulas online. 
Com a chegada das vacinas, vimos clarear uma luz no fim do túnel. É hora do retorno. 
Aos poucos, alunos e professores voltam às rotinas da escola. Algumas já contam com 100% de seus alunos de forma presencial. Outras ainda adotam os dias alternados presenciais, conforme acordado em seu Comed (Conselho Municipal de Educação) correspondente.
O fato é que as perdas foram incalculáveis na vida de nossas crianças e adolescentes. Não somente cognitivas, mas também emocionais e psicológicas. De acordo com o estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), uma em cada quatro crianças e adolescentes ouvidos apresentou ansiedade e depressão durante a pandemia.
Tentar reaver exatamente o que foi perdido durante quase dois anos fora da escola seria algo quase que inalcançável na prática. Resta-nos então abrir novos caminhos, novas abordagens de ensino que funcionem de forma mais célere. Enxugar o currículo nacional é inevitável. Possíveis reflexões a respeito do que é essencial e quais os objetivos serão primordiais, levará a educação a patamares nunca vistos. A pergunta crucial é: no que seria realmente importante focar? Nas perdas que tiveram durante a pandemia ou no que poderão ganhar daqui pra frente?
Chegou a hora de se repensar a educação brasileira em termos de qualidade e não em quantidade de saberes acumulados. 
 

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