Eloise Yamashita se dedica na concepção de peça com “amarelos”

Atriz diz que “se lembrar de onde viemos ajuda a jogar luz para escolher os caminhos que seguiremos”

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 27/05/2023
Horário 08:15
Foto: Instagram @eloyamashita
 Eloise: “O que vemos até então para atores amarelos no Brasil são papéis estereotipados”
Eloise: “O que vemos até então para atores amarelos no Brasil são papéis estereotipados”

Nos últimos tempos, a atriz Eloise Yamashita diz que o tema ancestralidade tem lhe tocado muito. Segundo ela, seu último projeto no teatro, o espetáculo “Cabaret Autofágico”, qual produziu e atuou - que ficou em cartaz no Teatro Poeira (de Marieta Severo e Andrea Beltrão), já a instigava sobre o assunto. E agora, mesmo no ar na novela das 19h da Rede Globo de televisão, “Vai na Fé”, ela já trabalha na concepção de uma peça, “Homens imprudentemente poéticos”, que terá em evidência o povo amarelo!
“Pensava através de textos, música e poesia nacional. Um caldeirão de misturas que constitui o Brasil e o que somos hoje. Eu sou brasileira, estamos aqui também construindo a cultura desse país há mais de 100 anos, mas tenho em mim as raízes do Japão e um desejo de mergulhar mais fundo nesse lado da minha ancestralidade”, acentua a atriz, que é descendente de japoneses, filha de Lena e Arlindo Yamashita, que nasceu no interior do Estado de São Paulo, mas seus pais, Jizaburo e Fumiko Yamashita vieram de Kumamoto, no Japão.

“O QUE TEMOS VISTO ATÉ ENTÃO PARA ATORES AMARELOS NO BRASIL, DIFERENTE DO QUE TEM ACONTECIDO NO MUNDO, SÃO PAPÉIS ESTEREOTIPADOS ONDE A GENTE NÃO SE RECONHECE, OPORTUNIDADES ESCASSAS, SEM PROFUNDIDADE DRAMATÚRGICA E POUCO PROTAGONISMO”
Eloise Yamashita

De acordo com Eloise, se lembrar de onde viemos ajuda a jogar luz para escolher os caminhos que seguiremos. Especialmente no audiovisual, ela sente que caminhos precisam ser mudados. “O que temos visto até então para atores amarelos no Brasil, diferente do que tem acontecido no mundo, são papéis estereotipados, onde a gente não se reconhece, oportunidades escassas, sem profundidade dramatúrgica e pouco protagonismo”, acentua Eloise. 

Cordialidade e alteridade

A atriz ressalta que tem se envolvido muito com a racialização amarela e tem sido fundamental pensar e trocar com outros artistas sobre o tema. Ela adianta que sua peça se passa num Japão antigo, pautando a construção de uma cultura baseada em cordialidade e alteridade, é um deslocamento da visão ocidental, eurocêntrica e colonizadora. 
“Trata de um tema universal, de conteúdo profundamente humano, mas como tem essa carga da nossa identidade e ancestralidade, não faria sentido, nesse projeto, não estar cercada por atores amarelos”, enfatiza a atriz, que é natural de Pirapozinho.


 

 

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