Em isolamento pratique o recolhimento interior

OPINIÃO - Eunice Cruz

Data 17/12/2020
Horário 04:30

Nesse final de ano, parece-me que tudo será diferente, ou deveria ser, por causa da pandemia, que depois de ter desacelerado, volta com tudo, para nos colocar mais uma vez em isolamento social. Sem aglomerações, sem contatos físicos, sem abraços, sem as confraternizações de família, dos amigos de trabalho e sem amigo secreto. Sem tudo isso, que movimenta o mês de dezembro, alguns podem até se sentir deprimidos e infelizes.
Eu também tenho sentido a falta de todos esses costumes, mas prefiro olhar para todo esse cenário de um outro ponto de vista. Faço questão de manter meu otimismo, entusiasmo e exaltação à vida. Sempre disse não ao isolamento social, troquei esse termo por outro que me fez muito bem e não me permite sofrer emocionalmente. Eu vivo em recolhimento. Isolamento? Jamais!
Basicamente, podemos definir o isolamento social em dois grandes grupos: o que ocorre de maneira voluntária, motivado por uma decisão individual, em que a pessoa decide se isolar do convívio com a sociedade, e o que ocorre de maneira involuntária, estabelecido por uma força maior, imposta pelo Estado, em situações diversas, como guerra, pandemias ou outras questões sanitárias.
Eu optei pelo recolhimento, primeiro, porque não quero me isolar e, segundo, sou um pouco resistente a imposições de terceiros. Por isso, de uma forma muito bem calculada, incluí em minha rotina algo que tem sido uma experiência fantástica: eu estou em recolhimento, jamais em isolamento.
O recolhimento permite-me uma rica oportunidade de olhar para dentro de mim mesma, de vivenciar muitas horas de silêncio, de aquietar meu coração e meu cérebro. No recolhimento é possível mais tempo para me dedicar à meditação, oração mental, oração vocal, atividades que precisam de condições favoráveis, da mesma maneira que uma planta para crescer, precisa ser plantada numa terra adequada, ser regada e ter um clima propício.
A falta de recolhimento interior pode levar-nos a um estado de agitação mental tão profundo que, se nada for feito, se transforma em doença mental e fica a um passo de tornar-se doença física, com os mais diferentes sintomas e de difícil diagnóstico, tratamento e cura.
Para conquistar o recolhimento interior e dominar, aos poucos, o caos da imaginação, da memória e dos sentimentos, aprendi e compartilho com vocês, três dicas importantes:
A primeira é muito simples, mas nada fácil! A ordem: nos horários e tarefas, que nos traz o controle da vida em família e no trabalho. A ordem emocional, que nos permite o controle das emoções, sentimentos e comportamentos. E, finalmente, a ordem espiritual, que traz paz para nossa alma e permite a aceitação dos fatos que não podemos mudar. Uma pessoa, sem ordem, desorganizada, vive com marimbondos na cabeça, que não lhe dão sossego!
Em segundo, devemos vencer a curiosidade inútil ou má. Os olhos e os ouvidos são janelas por onde recebemos a quase totalidade das informações e aprendizados, bons ou ruins, e, às vezes, são bueiros de esgotos. Selecione o que vai deixar entrar em você. 
E, por último, ao perceber que sua imaginação ou sua memória começam se ocupar com imagens e pensamentos inúteis ou nocivos, não se largue ao embalo deles, mas procure reagir com boas lembranças. Não cultive emoções negativas. Foque nas boas coisas da vida!
Assim, meus caros leitores, eu os convido a treinarem o recolhimento. Usem o tempo que estão em casa, para praticar o recolhimento e tenham o domínio de suas mentes. Digam não ao isolamento e aproveitem o recolhimento, que trará muita paz e serenidade para suas vidas. 
 

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