Em sindicância, Tarabai investiga caixão queimado

Morador publicou no Facebook o “descaso” com o objeto descartado e incendiado em lugar indevido; Prefeitura apura o caso

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 02/11/2017
Horário 12:05
Cedida/Fernando Fabrício Gonçalves/Facebook, Após postagem, caixão foi trocado de lugar e incendiado
Cedida/Fernando Fabrício Gonçalves/Facebook, Após postagem, caixão foi trocado de lugar e incendiado

A Prefeitura de Tarabai abriu uma sindicância, procedimento administrativo, para averiguar como teria ocorrido o descarte e queima de um caixão dentro do Cemitério Municipal na terça-feira. O fato ganhou repercussão na rede social Facebook, na véspera do Dia de Finados, após um morador se deparar com a situação e se queixar de “abandono” no local.

Quem compartilhou a experiência foi o fotógrafo Fernando Fabrício Gonçalves, 33 anos, que foi ao local para visitar o túmulo do avô. “Quando eu cheguei, encontrei o caixão parcialmente queimado, aberto e descartado em um lugar inapropriado. Poderia ser o caixão do meu avô, o que representa um descaso”, ressalta.

O fotógrafo comenta que resolveu fazer as imagens e compartilhar com os amigos da rede social, como uma forma de reivindicar melhorias no local, que, segundo ele, está “abandonado” e se surpreendeu com os rumos do caso. “Após minha publicação, outras pessoas começaram a divulgar fotos e vídeos, mas, desta vez, com o caixão em chamas e já depositado em outro lugar. Vejo com uma falta de respeito, ainda mais em véspera de feriado de Finados”, lamenta. A publicação, até o fim da tarde de ontem, contabilizava 326 curtidas e quase 100 comentários.

 

Apuração

Conforme informações do prefeito José Roque da Silva Lira (PSD), uma sindicância foi aberta para investigar o ocorrido, que não é a “prática do município”. “Soube do caso por um funcionário da administração e queremos encontrar os envolvidos, por isso a sindicância, para apurar o descarte irregular do caixão”, expõe. José Roque salienta que não “compactua” com esse tipo de descarte e quer entender o ato, que pode ter sido vandalismo. “Não vamos descartar nenhuma possibilidade e a investigação vai ouvir todos os envolvidos”.

Questionado sobre a situação de “abandono” mencionada na publicação, o gestor salienta que há uma semana as equipes responsáveis prepararam e limparam o cemitério, para o feriado de hoje, mas informa que as chuvas que atingiram a região prejudicaram o serviço. “Realmente estava sujo, uma árvore chegou a cair lá dentro, mas não é descaso e, sim, por causa do fenômeno da natureza”, explica.

 

Saúde pública

O coordenador da Vigilância Sanitária Municipal, Laurindo Barbosa, por sua vez, afirma que o ocorrido é um “problema de saúde pública”, mas ressalta que o setor não é mais responsável pela fiscalização em cemitérios. “Não é mais de nossa competência, por causa da nova Portaria CVS [Centro de Vigilância Sanitária], de agosto deste ano, a qual determina que a Vigilância Sanitária deixe de fiscalizar este tipo de local, além de serviços funerários, mas não determina quem deve fiscalizar”, expõe.

Se o setor fosse participar da investigação, Laurindo comenta sobre a instauração de um processo administrativo, independente de uma sindicância da Prefeitura, que poderia aplicar multa aos responsáveis.

 

Caso antigo

O Cemitério Municipal de Tarabai já foi alvo de outras notícias em O Imparcial. Conforme noticiado em janeiro, o Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) havia solicitado junto à Prefeitura a suspensão de sepultamentos na nova área do cemitério, já que o espaço ainda não contava com autorização do funcionamento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Na época, a reportagem visitou o novo espaço e constatou a existência de nove “gavetas” ocupadas, que precisaram ser retiradas, conforme o prefeito.

Já em fevereiro, conforme noticiado, a administração protocolou um documento que comunicava a contratação de uma empresa para promover estudos técnicos relacionados às licenças ambientais para ampliação e funcionamento do Cemitério Municipal. O documento tinha como expectativa a conclusão em 45 dias. O prefeito informou ontem que a empresa segue com os trabalhos e espera que a liberação saia dentro de seis meses.

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