Paramentação. Orientação médica de realização de novos procedimentos. Informações de troca da equipe. Visita e avaliação dos pacientes nos quartos, conversa com pacientes tentando representar a família que está restrita no hospital...Uma tarefa árdua a cada plantão! Desde o início da pandemia da Covid-19, as pessoas que trabalham dentro dos hospitais precisam ser exaltadas e a elas as orações serem sempre estendidas. Dentre estas, quando se fala em profissionais da linha de frente, uma das primeiras imagens que vem à mente é a figura do médico. No entanto, tão importante quanto esta, é a do enfermeiro, que tem dedicado longas jornadas de trabalho ao atendimento dos pacientes.
Elizangela Uloffo Arruda, enfermeira há 9 anos na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, que atua no setor clínico de internação desde o início da pandemia da Covid-19, diz que a rotina de trabalho alterou bastante. Principalmente com muito mais protocolos de segurança e cuidados. Por exemplo, antes de adentrar nos quartos, mesmo que para o menor trabalho que seja, é preciso se proteger com todos os equipamentos de segurança.
Mas pensar em desistir, jamais. “Nunca pensei em desistir, pelo contrário, o sofrimento dos pacientes faz com que tenhamos mais coragem e garra para enfrentar essa pandemia. Claro que existem recaídas em alguns dias, mas minha equipe hospitalar, meus familiares e a garra profissional me fortalecem. Todos os dias são difíceis e também de aprendizagem. Tivemos várias dificuldades no início da pandemia, de altos e baixos, porque a doença teve mudanças constantes nos seus critérios. Tenho refletido todos os dias que esse momento é casual, e tudo vai passar!”, se agarra à fé Elizangela.
Sobre o que a pandemia a ensinou enquanto profissional, ela diz que vivenciar e aprimorar na prática os cuidados na área da saúde hospitalar e, hoje, os cuidados na humanização com os pacientes ainda maior.
Elizangela não titubeia em responder que é presenciar a condição do paciente com a doença e a família. Apesar de viver inúmeros desafios todos os dias impostos pela Covid, ela ressalta que o pior momento é quando o paciente fala com a família antes de ser intubado e/ou quando ele aperta sua mão e diz: “não me deixa morrer”!
“Outro momento muito difícil é quando o paciente dá entrada na enfermaria de Covid, pois aquele pode ser o último contato com seus familiares. Ou o paciente não quer dormir com medo de morrer. Além disso, ter que dar a notícia aos familiares que o paciente foi a óbito. E assistir o paciente recebendo alta é a parte mais gratificante, pois todo o esforço e dedicação valeram a pena! Isso fortalece o trabalho de toda equipe. Temos a sensação de o paciente ser um familiar próximo sendo curado desta enfermidade tão letal, sabe?”, acentua a enfermeira que, para proteger a sua própria saúde, bem como a de sua família, toma alguns cuidados que já se tornaram comuns, como evita tocar em olhos, boca e nariz, fazer uso correto da máscara. No próprio hospital faz a higienização das mãos com água e sabão. “Ao chegar em casa, me direciono diretamente ao banheiro para o banho, separo as roupas para lavar individualmente as usadas no dia a dia. E evito ao máximo aproximações com familiares”.
Foto: AI da Santa Casa
Elizangela Uloffo, enfermeira há 9 anos na Santa Casa