Esqueleto: o papel da esclerostina

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Os músculos são ligados anatomicamente aos ossos e há estrita interdependência mecânica entre eles. Mas a relação é também fisiológica e metabólica. Os músculos secretam miocinas que têm efeitos nos ossos, e estes secretam osteocinas que têm efeito no anabolismo e catabolismo muscular. A esclerostina é uma das osteocinas e está relacionada à osteoporose.

 

CÉLULAS ÓSSEAS

            Os tipos celulares dos ossos são os osteócitos, osteoblastos e osteoclastos. A composição e estrutura óssea é dinâmica e depende dos osteócitos para fixação do cálcio e manutenção da rigidez do esqueleto, dos osteoblastos para síntese (formação) dos demais componentes orgânicos e dos osteoclastos para retirar cálcio (reabsorção) e permitir a remodelação óssea. É um processo contínuo e que fica bem evidente, sobretudo, em casos de regeneração de fraturas.   

 

A ESCLEROSTINA

            É uma das proteínas (osteocinas) produzidas pelos osteócitos. Foi descoberta em 2005 e tem importante papel regulador na remodelação óssea. A esclerostina inibe a ação dos osteoblastos e, portanto, diminui a formação óssea, o processo que mantem a calcificação e estrutura dos ossos. Pode parecer ruim, mas faz parte do processo, junto com a ação dos osteoclastos, para a remodelação óssea. Quando a esclerostina é produzida normalmente, a estrutura óssea é mantida durante a juventude até a meia-idade.

 

DESEQUILÍBRIO

            Acontece em condição nas quais a produção de esclerostina aumenta e interfere negativamente no processo de remodelação óssea, fazendo predominar a reabsorção (perda) óssea. Normalmente, o paratormônio e estrógenos mantêm a produção de esclerostina baixa. Mas ela pode aumentar nas condições de doenças ósseas, diabetes, doença renal crônica, câncer ósseo, envelhecimento e sedentarismo, o que pode levar à osteoporose, a fragilidade dos ossos da coluna, quadril, fêmur etc.

 

TERAPIA

            A proporção de pessoas com 60 anos ou mais com osteoporose é de 30% nas mulheres e de 15% nos homens. É uma condição que aumenta bastante o risco de fraturas debilitantes, por isso deve receber atenção antes de se instalar. Conforme descrito, a esclerostina está relacionada com a osteoporose. Há estudos com drogas (ex. romosozumabe) para inibição dos efeitos da esclerostina na senescência ou outras condições quanto ela tem a concentração aumentada e contribui para perda óssea.

 

ESTÍMULO MECÂNICO

            A contração muscular vigorosa representa um sinal mecânico para os óssos que estimula o processo de formação. Por isso, o exercício é o principal determinante da massa, densidade e arquitetura óssea, sendo também o principal fator de prevenção da osteoporose. Um dos mecanismos pode ser a diminuição da produção de esclerostina, provocada pelo exercício regular, como já foi demonstrado em estudo com mulheres de 50-75 anos, já na menopausa. Recomendação: comece a prática de exercícios antes que inicie sua perda muscular e óssea.

Exercício é o principal determinante da massa e densidade óssea, e o principal fator de prevenção da osteoporose.

 

 

 

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