Estrada Bioceânica

OPINIÃO - Renato Michelis

Data 20/06/2023
Horário 04:45

Embora o projeto da Estrada Bioceânica esteja sendo desenvolvido desde 2015, com conclusão prevista para 2025, a “mega estrada” ou "corredor bioceânico" como vem sendo chamado, é uma rota rodoviária que irá conectar os portos de Santos, no Brasil, e de Antofagasta, Mejillones, Tocopilla e Iquique, no Chile, passando pelo Paraguai e pela Argentina. Caso é que apenas recentemente virou notícia e levantou questionamentos sobre suas vantagens e preocupações ambientais que traz em seu bojo.
Imagine sair do lugar mais alagado do planeta e, sem mudar de estrada, chegar ao local mais seco do mundo. Essa será uma das possibilidades do Corredor Bioceânico, complexo projeto de infraestrutura com cerca de 3,5 mil quilômetros de extensão, que ligará o Pacífico ao Atlântico, ao custo estimado de US$ 10 bilhões, cerca de R$ 50 bilhões. 
O objetivo é facilitar o comércio entre os países da América do Sul, reduzindo os custos logísticos e aumentando a competitividade das empresas da região. Atualmente, os navios precisam atravessar o Canal do Panamá para acessar os oceanos, o que aumenta a viagem em duas semanas, no mínimo, além de encarecer o frete, já que as taxas no Panamá são altas. 
Segundo estudos do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog/MS), deve-se encurtar em mais de 8 mil quilômetros de rota marítima nas exportações brasileiras para a Ásia, possibilitando o incremento das negociações entre os quatro países por onde passa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, além de promover a integração cultural e o turismo.
O MOPC (Ministério de Obras Públicas e Comunicações) do Paraguai aponta que 18,5% das obras da ponte da Rota Bioceânica já foram concluídas. A estrutura ligará a cidade paraguaia de Carmelo Peralta ao município brasileiro de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. A estrutura de 1.310 m de comprimento e 20,10 m de largura é fundamental para viabilizar a Rota Bioceânica. Atualmente, a ligação entre os dois países nessa região é feita somente por balsas. A obra está sendo conduzida pelo governo brasileiro em parceria com os governos dos demais países envolvidos. 
O trecho brasileiro do corredor é composto pela rodovia BR-267 (MS), que será duplicada e modernizada, passando por Presidente Prudente (Rodovia Raposo Tavares), duplicada até Santa Cruz do Rio Pardo, e seguindo pela Castelo Branco até a capital. O projeto original conta também com a construção de uma ferrovia paralela. Já na Argentina, a rota será a Ruta Nacional 34, que corta o extremo norte do país, e que também passará por melhorias. No Paraguai, o corredor passará pela Rota Transchaco, uma estrada de terra que será pavimentada, além da construção de novas pontes e rodovias. Já no Chile, a infraestrutura existente será utilizada, com a melhoria de alguns trechos. 
Além de reduzir os custos logísticos, o corredor deve aumentar a circulação de turistas e de produtos agrícolas e estimular novos investimentos em infraestrutura, como a construção de novos portos e aeroportos. Contudo, as preocupações ambientais devem ser levadas em conta, e estudos de sustentabilidade e preservação devem nortear sua execução. 
Enfim, projetos como esse não podem ser barrados por ideologismos, pois levam progresso e justiça social a todos. Basta que os governos envolvidos garantam a preservação ambiental e respeitem os direitos dos povos indígenas que vivem nas regiões, fazendo com que todos ganhem. 
 

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