Em Presidente Prudente, um estudo com adubação antecipada de nitrogênio e enxofre (na fase de pastagem) em sistema de ILP (Integração Lavoura-Pecuária) apresentou aumento na quantidade e qualidade do capim-marandu. A realização da pesquisa levou em consideração que a baixa qualidade das pastagens no Brasil é um problema muito frequente e está relacionada ao manejo inadequado, como a falta de correção do solo, fertilização e o próprio manejo animal. Ainda considerou o fato de que a adubação nitrogenada é essencial para pastagem em quantidade e qualidade e o enxofre é nutriente básico para a boa eficiência de uso do nitrogênio em altas doses.
“Esses nutrientes têm estreita relação com a qualidade de forragem produzida. Ambos estão diretamente associados à síntese de aminoácidos e proteínas nas plantas, porém poucas vezes são aplicados em conjunto”, afirma.
Também ocorreram efeitos benéficos na soja em sucessão ao pasto, com maior produtividade diante do aumento da dose de nitrogênio, conforme o autor do estudo, engenheiro agrônomo Daniel Silveira.
Sua pesquisa foi desenvolvida durante o doutoramento no Programa de Pós-graduação em Agronomia ofertado pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Prudente, com a orientação de Edemar Moro, que é referência nacional em ILPF.
O objetivo do trabalho foi avaliar a produção e qualidade proteica da pastagem com aplicação de doses de nitrogênio na presença e ausência de enxofre e seus benefícios à produtividade da soja em sistema de ILP.
O delineamento experimental foi feito em fatorial 5 x 2 em esquema de blocos ao acaso e com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por cinco doses de nitrogênio: zero, 150, 300, 450 e 600 kg por hectare. Uma fonte foi a ureia – 45% de nitrogênio. Outra, o gesso agrícola – 15% de enxofre.
Foram realizadas avaliações em relação à pastagem e à cultura da soja. Sobre pastagem, foi avaliada a matéria seca (porção com a retirada de toda a sua umidade) e feita análise bromatológica (nutricional) sobre níveis de proteína, energia e minerais.
Ainda sobre pastagem, foram avaliados o teor foliar de macronutrientes e feita análise química e microbiológica do solo. Na cultura da soja, o número e massa de nódulos, diagnose foliar, componentes de produção da soja e produtividade de grãos.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância Anova, p < 0,05; ou seja, probabilidade menor que 5%. A média dos valores foi comparada utilizando o teste de Tukey.
“Os efeitos significativos das doses foram submetidos à análise de regressão e ajustada a função linear ou quadrática”, explica o autor. A adição de nitrogênio na fase de pastagem aumentou a quantidade de massa seca e melhorou a qualidade bromatológica.
“O nitrogênio também incrementou a lavoura de soja. O enxofre [gesso] teve pouco ou quase nenhum efeito na produção de matéria seca da pastagem e na produtividade de soja”, segundo consta no resumo da tese.
Na Fazenda Experimental da Unoeste, em Presidente Bernardes, foi utilizado pasto com Urochloa brizantha cv Marandu, nome científico de braquiarão ou brizantão, capim apropriado para ILP, por apresentar significativa produção de forragem no outono-inverno e que resulta em palhada para plantio direto da soja, sendo de fácil dessecação.
Com elogios e apontamentos sobre contribuições em relação à publicação científica, os avaliadores aprovaram a tese, o que confere a Daniel Silveira o título de Doutor em Agronomia.
Formado no Rio Grande do Sul, na Universidade Federal de Pelotas, Daniel vem de rica trajetória acadêmica, com especializações em produção de sementes de arroz e em solo e nutrição de plantas.
A primeira especialização fez em sua universidade de origem. A segunda, na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), na USP (Universidade de São Paulo), em Piracicaba (SP). O mestrado em ciência e tecnologia de sementes também foi em Pelotas.
Foto: Homéro Ferreira - Daniel Silveira, autor do estudo