Experimentos com diferentes cultivares e diferentes ciclos de maturação da soja buscam encontrar a mais precoce, produtiva e rápida para dar mais tempo de plantar algodão e ter as colheitas das duas culturas no mesmo ano agrícola no oeste paulista.
Parte dos experimentos foi apresentada no Tour GEA/Unoeste & Appa, siglas de Grupo de Estudos do Algodão, Universidade do Oeste Paulista e Associação Paulista dos Produtores de Algodão. O evento foi realizado na Fazenda Experimental da universidade na tarde de sexta-feira e contou com as participações de envolvidos na pesquisa: alunos e professores, parceiros e produtores rurais.
Em área de três hectares da fazenda em Presidente Bernardes, os experimentos foram apresentados pelo mestrando Adenilson José de Souza, juntamente com os graduandos Murilo Gonçalves Xavier, Igor Luciano Alves da Silva e Matheus Porlan Grosso. A apresentação também envolveu o coordenador de desenvolvimento de mercado Guilherme Ribeiro Dantas, da HO Genética, empresa de melhoramento que cedeu as sementes para os experimentos.
Dentre os produtores rurais, estiveram Edivaldo Pacheco dos Santos e o Junior, pai e filhos que tocam 850 hectares de lavouras em terras arrendadas em Martinópolis.
Eles são donos do Hotel Pacheco, em Santa Helena de Goiás (GO) e, há oito anos, conduzem os arrendamentos para produzir algodão, mandioca e sorgo. Além disso, já fizeram rotação de algodão e milho. Utilizam dois pivôs centrais de irrigação.
Sobre o plantio da soja na fazenda da Unoeste, que tem um pivô central de irrigação, o Pacheco pai estima colheita de 60 a 65 sacas por hectare e destaca que, às 2h da tarde, a planta se apresentava bastante vigorosa, mesmo com o sol a pino.
“São experimentos interessantes que a gente acompanha e pode utilizar o que apresentar melhor resultado”, disse. O professor Fábio Rafael Echer, líder do GEA, contou que a soja foi plantada no dia 17 de setembro, dois dias após o vazio sanitário.
A plantação foi feita sobre resíduos culturais de aveia, utilizada com a preocupação de conservar o solo para melhorar as características qualitativas. Feito o cultivo de inverno da aveia, se deu o plantio direto da soja.
A colheita da soja está prevista para o início de janeiro, permitindo abrir a janela adequada para o plantio do algodão. A ideia é implementar um conjunto de práticas agronômicas que garantam o encaixe do ciclo dentro do período ideal, antes que as temperaturas mais frias comecem a partir de maio.
“É um sistema aplicado no Mato Grosso, mas no oeste paulista demanda vários ajustes. É o que está sendo feito. Tradicionalmente na região de Prudente, o algodão é plantado a partir de outubro até o começo de dezembro, há mais de 120 anos”, pontuou Fábio.

Foto: Homéro Ferreira - Todos os participantes do Tour GEA/Unoeste & Appa
“O que nós trazemos de proposta, olhando para a rentabilidade do sistema e o investimento em irrigação, é proporcionar duas culturas rentáveis, consolidadas no sistema produtivo brasileiro”, explicou.
A intenção é que o modelo possa servir como estratégia para melhorar a tolerância aos estresses, seja de calor ou de seca. Conforme Fábio, os dados são muitos preliminares e as avaliações ainda não apresentam a produtividade.
Os dados produzidos serão conhecidos no final de dezembro ou começo de janeiro. “Ainda é muito precoce dizer qual variedade irá produzir mais. Tem ainda uma segunda metade do ciclo para acontecer”, comentou.
As plantas já terminaram a emissão das vagens, que agora serão enchidas de grãos, o que deve levar de 50 a 60 dias. Após esse período, serão feitas a colheita e pesagem para ter os indicativos a serem divulgados.
“Um dos intuitos é recuperar o potencial de produção de algodão no oeste paulista, inclusive por agricultores que deixaram de cultivar, mas que têm afinidade com a cultura”, expôs.
Para Carlos Sérgio Tiritan, diretor da Faculdade de Ciências Agrárias e coordenador do curso de graduação em Agronomia, os experimentos e o tour têm importância muito grande por proporcionar a interação entre estudantes, professores e produtores, principalmente por conta da tentativa de desenvolver novos modelos de produção para a região.