Expo Prudente comemora 60 anos e participantes resgatam trajetória

O Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto de Presidente Prudente conta com um acervo significativo de fotos que contam um pouco do que foi esta primeira festa.

PRUDENTE - Aline Martins

Data 08/09/2013
Horário 20:40
 

A história da Exposição de Presidente Prudente, iniciada em 1943, se mistura com a chegada de cavalos na cidade, que já foi a capital do Quarto de Milha. E quem fez parte disso tem orgulho desta conquista, lembra com carinho a evolução do setor no município e comemora o progresso do evento que, atualmente, é referência para a região e atrai diversos agropecuaristas durante a feira.

A primeira exposição foi realizada em 1943, conforme frisa o historiador prudentino Ronaldo Antonio Barbosa Macedo. "E ocorreu no Clube de Monta, na área onde está instalada a Unesp . Era uma área rural extensa e a feira reuniu diversas pessoas ligadas ao setor", pontua. O Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto de Presidente Prudente conta com um acervo significativo de fotos que contam um pouco do que foi esta primeira festa.

O integrante da comissão organizadora da 50ª Exposição de Animais, Fábio Buchalla, já foi presidente da Expo Prudente em 1990. "Eu, meus irmãos, minha família, cuidamos deste evento nesta época. No entanto, vivo de exposição desde os meus 6 anos de idade. Vi muitas transformações. Algumas boas e outras nem tão bacanas assim", frisa.

A exposição era muito tradicional e em épocas antigas só perdia para Água Branca, em São Paulo, de acordo com as recordações do criador e empresário, Francisco José Ferreira Jacinto. Depois de algum tempo sendo realizada na área onde está a Unesp, foi feito um trabalho junto ao Estado para que o evento fosse sediado por um espaço anexo à Escola Técnica Estadual (Etec) Centro Paula Souza, antigo Colégio Agrícola, instalada no km 561 da Rodovia Raposo Tavares (SP-270). "Isso foi no fim dos anos 50. Com esta mudança, a exposição deslanchou ainda mais e, nos anos 70, Presidente Prudente já era referência no Quarto de Milha e Nelore Mocho", pontua. Na mesma época, começou também a aparecer criadores de Nelore Mocho. "Meu pai foi um dos precursores desta raça na cidade. Diante disso, outros criadores se interessaram", ressalta.

Ainda se recorda que os primeiros cavalos Quarto de Milha chegaram ao Brasil foi em 1955 e foram trazidos pela Cia King Ranch Brasil, sendo cinco éguas e um garanhão. "E em 1959, foi a primeira vez que a companhia vendeu um cavalo para reprodução e foi para o meu pai. Depois disso, meu pai começou a comercializar e em 1969 trouxe um avião de cavalos para cada uma das famílias interessadas", salienta. Assim, com este histórico, Jacinto expõe que a exposição passou a ser destaque em Nelore Padrão, Nelore Mocho e Quarto de Milha. "Muitos animais passaram a participar do evento, pessoas interessadas na compra de outros Estados. Algo bonito de se ver", diz. Recorda ainda que antigamente não havia julgamento de gado individual e sim lotes de gado eram julgados. Tinha também concurso de boi gordo. "Hoje, a atração principal é o leilão. Os produtores preferem comprar desta maneira. Dificilmente vão às fazendas fazer negócio", frisa.

Jacinto ainda enfatiza que antes era uma época de expansão do setor, com concentração de gado de raça, poucos proprietários. A procura, segundo conta, era grande, por pessoas do Brasil todo. "Hoje está disseminado, com comércio de touros restrito ao leilão, com animais de qualidade", pontua.

O evento de 2013, 60 anos depois da primeira e a 50ª edição, é especial, de acordo com Jacinto. O motivo é a morte trágica de Guilherme Coimbra Prata e Geraldo Ribeiro de Souza Filho, o Baiano, após um acidente de avião, no dia 19 de julho, em Porto Murtinho (MS). Emocionado, Jacinto frisa que Prata era o coração da exposição, atuante, de uma liderança nata. "Se a exposição vem ocorrendo nos últimos anos, ele é o principal motivo. O Baiano era um doce de menino, batalhador, guerreiro. Morava em outra cidade e por isso não era tão envolvido com a festa prudentina. Mas sempre contribuía também. Para nós, emocionalmente falando, está muito difícil trabalhar em prol desta feira", pontua.

 

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O produtor Antonio Renato Prata conta que trouxe cavalos importados para Presidente Prudente e sua participação em exposições na cidade foram e são expressivas. "Sempre com Nelore Mocho. Tive cavalo, há anos atrás, campeão em provas de laço. Na década de 70, meus animais já colaboravam com a festa. Toda vida participamos da comissão de rodeios", diz. Recorda também que a exposição já foi tida como uma das melhores do Estado. "Já teve edição que contou com a presença do então presidente da República, Ernesto Geisel. Isso mostra a importância do evento para o Estado e também para o Brasil", ressalta.

Foram anos de expansão e progresso da festa. No entanto, durante um tempo, foi declinando, de acordo com as lembranças de Prata. "Ocorreram alguns problemas financeiros, como falta de pagamento de shows e o município ficou inadimplente. Foi feito leilão para pagar a dívida, mas o dinheiro não teve rumo certo. Foram anos difíceis e, depois, as pessoas tinham medo de presidir o evento", relembra Prata.

A vontade de retornar com a festa veio à tona e tudo recomeçou. "Meu filho, Guilherme , colaborou com a reativação da exposição, que é importante para a cidade e faz parte das comemorações de aniversário de Prudente", ressalta.

Ele ainda diz que esta exposição é especial, pois seu filho foi durante dois anos presidente do evento e fazia parte da comissão organizadora desta edição. "Ele estava entusiasmado. Gostava de viver nesse mundo de exposições. É por ele que tenho empenho, para que esta festa ocorra da melhor maneira possível. No que eu puder ajudar, eu estou à disposição", relata.

 

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