Acordei no primeiro dia de janeiro de 2025. Alguma coisa mudou? Não ganhei na Mega Sena da Virada? Que barbaridade. Não acertei nenhum número como sempre. Então vou ter que continuar acreditando na força do trabalho? O suor é sagrado. Melhor dizendo: "Vou continuar pegando no guatambu”, como diz na gíria popular o querido amigo, Carlos Pipollo.
Começo a preparar o café da manhã seguindo a velha rotina. Amora me acompanha saboreando o miolo de pão com manteiga. Tomo a primeira dura do ano novo da Mulher Maravilha: "Gordo faz dias que você não leva a Amora para passear". Imaginem vocês se realmente eu fosse gordo raiz. Ela iria me chamar de que? Mulher Maravilha continua com sua amável bronca: "A coitadinha está mordendo o próprio rabo. Está estressada de ficar em casa". Amora estressada? Será que ela também está sentindo os efeitos dos juros altos e a agrura da alta do dólar? Parece que nada mudou.
Tá bom, assim que terminar o meu café levo a Amora para dar a gostosa andança no calçadão. Assim que calço meu tênis, Amora começa a balançar o rabo e a latir. Ela já sabe todos meus movimentos. Abro a porta do carro e ela já pula no banco da frente latindo. Como se ela estivesse me dizendo: "Vamos logo, vamos logo"... Calma Amora, que pressa é essa? É feriado.
O azul do céu acalma os meus sentidos. A luz solar é essencial para a vida. Se quiserem saber mais dos benefícios da luz solar, procurem no Prof. Google. Me perdoem a impaciência. Tenho que ser econômico nas palavras. É impressionante como a Amora sabe do local da parada do carro. Fica latindo excitada para sair do carro logo e desfrutar da sua abençoada caminhada.
Coloco a linda música tema do filme, “Valley of the Dolls”. A voz de Dionne Warwick é divina. A cantora preferida do sofisticado compositor, Burt Bacharach (in memoriam). Outro extraterrestre que nos deixou. A música ficou mais pobre. Vou caminhando... Vejo na Praça das Bandeiras, moradores de rua improvisando um churrasco. Um deles me deseja um feliz ano novo. Mesmo na sua condição social e econômica frágil, ele sorri. A lírica música “Smile”, de Charles Chaplin, explica esse sorriso desse velho morador de rua:
"Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja se partindo
Quando houver nuvens no céu
Você ficará bem"...
Aposentados jogando baralho para passar seus limitados tempos. A cidade está em ritmo de feriado. Passo em frente ao Brasão Palace Hotel da Família Zacharias e desejo um feliz 2025 para os funcionários. Sempre me trataram com muito carinho. A caminhada é uma terapia. Vou refletindo e uma frase da escritora, Clarisse Lispector, me vem à mente: "Depois do medo, vem o mundo". Uma emblemática frase, que pode ser interpretada como um convite para enfrentar o medo e abrir caminho para novas possibilidades. Que venha 2025. Feliz ano novo para todos os amigos e amigas. Amora pra você também. Vou terminando minha caminhada cantando a música “Por enquanto”, que Cássia Eller (in memoriam) imortalizou com sua voz rouca. Vamos nessa.
"Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre, sempre acaba?
Mas nada vai conseguir mudar
O que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa"...