Ferrovia – reajustando o rumo

OPINIÃO - Renato Michelis

Data 23/05/2023
Horário 04:30

A história das ferrovias no Brasil iniciou em 30 de abril de 1854. Por D. Pedro II, houve a inauguração do primeiro trecho de linha, a Estrada de Ferro Petrópolis, ligando o Porto Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14 km (quilômetros) de extensão. No entanto, a chegada da via a Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886.
A evolução das ferrovias continuou no século XX. Em 1900, o Brasil expandiu sua extensão da malha ferroviária para 15.316 quilômetros totais. No ano de 1919, o país já possuía 28.128 quilômetros de ferrovias. O Estado de São Paulo foi o que obteve maior expansão; nesta fase, ele passou a ter 18 ferrovias; com isso, o crescimento industrial e agrícola paulista foi gigantesco.
Na década de 1930, durante o primeiro governo Vargas, cresceu a priorização das rodovias, colocando as ferrovias em segundo plano. Já no governo J.K., foi intensificado o investimento em ferrovias, e em 1960, a linha férrea brasileira chegou ao seu ápice com um total de 38.287 km. De lá para cá, pouco se investiu; até a manutenção da malha existente foi negligenciada. O resultado é a situação que vemos hoje em nossa região, entre tantas outras, onde temos o trecho da Malha Sul Paulista totalmente abandonado e sucateado.
A UEPP luta desde sua fundação, há mais de dez anos, pela reativação da linha férrea que liga Presidente Epitácio a Rubião Jr. (distrito de Botucatu). Entretanto, em face dos fatos que se apresentaram ao longo deste período, tais como o sucateamento dos trilhos e dormentes, furtos e a linha ser uma bitola ultrapassada; soma-se ao total desinteresse da atual concessionária, Rumo, que instada judicialmente, já se manifestou pela devolução do trecho à ANTT (Agencia Nacional de Transportes Terrestres). 
Assim, somos colocados em outro cenário, sendo mais factível uma readequação no projeto de ligação ferroviária para nossa região, que tem na verdade, como solução mais viável a ligação com a malha ferroviária Norte-Sul, que hoje liga o município de Estrela D'Oeste ao Porto Nacional, em Tocantins, passando por diversos Estados brasileiros, em uma extensão total de 1.537 km. 
A segunda etapa deste projeto originalmente contempla a chegada até Panorama, continuando por Presidente Venceslau e com destino até a Chapecó, em Santa Catarina. Com a privatização deste trecho em 2019, reacenderam as expectativas que o projeto siga em frente, e os próximos trechos que passarão por nossa região sejam uma realidade.
Este traçado nos colocaria dentro da atual malha ferroviária brasileira, tendo acesso tanto à Malha da Alta Paulista e, por conseguinte, ao porto de Santos, como também à Malha Paranaense, onde poderíamos usar o trecho Maringá a Curitiba/Porto de Paranaguá, no Paraná. Logo, ao invés de sermos contraponto a estas linhas já existentes, seríamos fator de agregação e facilitamento para o escoamento nacional de bens e produtos, oferecendo mais opções de portos para exportação.
Enfim, a luta por melhores meios de transporte e uma logística de escoamento da produção regional mais econômica e sustentável não para. Seja rodoviário, aéreo, ferroviário, e até mesmo o relegado sonho do transporte hidroviário, são meios de transportes que devem estar sempre em pauta em uma região que tende a produzir cada vez mais.
 

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