Funcionários fazem protesto contra privatização da Caixa Econômica Federal

Profissionais são contra “precarização” do atendimento à população e defendem a Caixa pública; instituição financeira reforça que participa de mesa permanente de negociação com sindicais

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 27/04/2021
Horário 18:13
Foto: Cedida
Ontem, mesmo diante da manifestação, atendimento à população foi realizado sem interferências
Ontem, mesmo diante da manifestação, atendimento à população foi realizado sem interferências

Na manhã desta terça-feira, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Presidente Prudente e Região fez uma manifestação contra a privatização da CEF (Caixa Econômica Federal). Dentre as medidas anunciadas, os funcionários resistem ao “desmonte” do governo federal e cobram o pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), são contra a “precarização” do atendimento à população e à privatização, defendem a Caixa pública e o financiamento à agricultura familiar e às micro e pequenas empresas, e solicitam a vacinação para todos os colaboradores. A Caixa Econômica Federal reforça que participa de mesa permanente de negociação com as representações sindicais.
De acordo com o presidente do sindicato, Edmilson Trevizan, a manifestação, que também ocorreu em nível nacional, chama atenção sobre as intenções de “desmonte” e posterior privatização por parte do governo federal. Há alguns anos, segundo ele, a Caixa também “aderiu” ao PDV (Programa de Desligamento Voluntário), que vem reduzindo drasticamente a quantidade de empregados e, somando a crise sanitária do novo coronavírus, também trouxe impacto na oferta de atendimento dos funcionários. “Neste período de pandemia, alguns profissionais foram remanejados para o home office e outros continuaram com o atendimento presencial nas agências, ou seja, o atendimento não parou. Mas, diante da redução dos funcionários presenciais, o serviço aumentou consideravelmente, a ponto de formar filas”, explica. 

Atendimentos na pandemia

Atualmente, segundo o presidente do sindicato, a Caixa Econômica Federal é a única que paga o auxílio emergencial – suporte financeiro do governo federal para trabalhadores informais. “A instituição financeira é um banco público e, se não fosse ela, as pessoas não receberiam o auxílio emergencial. Afinal, nenhum banco privado faz isso”, afirma. Outro ponto destacado por ele detalha que a instituição continuou ofertando seus serviços durante toda a pandemia. “Os profissionais estão expostos à Covid-19 desde o início da pandemia. Eles não pararam, fazem um serviço essencial. Então, também precisam ser imunizados contra a doença”, acrescenta. 
Nesta terça, mesmo diante da manifestação, o atendimento à população foi realizado sem interferências. No entanto, o presidente do sindicato não descarta uma possível greve por tempo indeterminado. “Estamos tentando uma possível negociação, mas caso isso não aconteça, não descartamos uma greve nacional”. Atualmente, Prudente conta com quadro agências da Caixa e cerca de 200 funcionários em atividade.
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que está realizando a maior operação de pagamento de benefícios sociais da história, com liberação do auxílio emergencial e bolsa família, além da prestação de diversos serviços essenciais. “Cabe destacar que milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade serão atendidos na rede de varejo da Caixa ao longo desta semana. Por fim, a Caixa reforça que participa de mesa permanente de negociação com as representações sindicais”.
A reportagem também solicitou um posicionamento ao Ministério da Economia, que informou, por meio de nota, que não irá comentar o caso.

SAIBA MAIS
Em entrevista concedida à “Carta Capital”, o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), Sérgio Takemoto, denunciou qual tem sido a estratégia atual para privatizar a Caixa. Segundo ele, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a venda das empresas estatais “mães” sem votação no Congresso, ou seja, não pode privatizar a Caixa, a Petrobras, o Banco do Brasil, sem o aval do Congresso. Então, o que o governo tem feito? “Ele pega as partes onde a empresa-mãe atua e cria uma empresa subsidiária para administrar esse setor que eles querem vender. Ou seja, na Caixa, eles criam uma empresa subsidiária para os cartões, uma para o seguro, outra para o banco digital. Em seguida, transferem os serviços para a empresa subsidiária e, depois, vendem essa empresa”.
Desta forma, eles criam as subsidiárias para vendê-las ao mercado financeiro internacional, para os grandes conglomerados, e isso enfraquece a empresa-mãe. “A gente vê isso com mais rapidez na Petrobras. Já venderam refinarias, a transportadora de gás. E essas empresas são essenciais para a matriz. É como acontece hoje na Caixa: tentar vender o setor de cartões, de seguros, do banco digital”, detalha. “O Banco Central deu parecer favorável para a criação do banco digital da Caixa e, então, o governo transfere os serviços para esse banco digital. Depois você vende o banco digital e ele deixa de ser patrimônio do Estado para passar às mãos da iniciativa privada. Isso é privatização. Isso representa o enfraquecimento da empresa pública”, acrescenta.

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