Greve na Unesp prejudica estudantes e comércio

Conforme ela, a ausência dos alunos, que consumiam diariamente os produtos alimentícios oferecidos na rede, já gerou um prejuízo de R$ 70 mil.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 09/09/2014
Horário 08:07
 

Estudantes da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), campus de Presidente Prudente, e comerciantes estabelecidos na localidade, amargam prejuízos por conta da greve que paralisa as atividades da universidade desde 26 de maio, ou seja, há 106 dias. Prejuízos chegaram a R$ 70 mil em estabelecimentos e estudantes receiam perder o ano letivo por conta do período sem aulas. Ocorre na tarde de hoje reunião entre as reitorias e sindicados das universidades paralisadas para analisar novas propostas.

A rede Jopana’s, que possui três cafeterias dentro do campus, foi obrigada a demitir funcionários em razão da queda de 80% na movimentação, gerada pela greve.  "Nós estamos tentando segurar os empregados, mas se a situação perdurar, não sabemos o que acontecerá", pontua a gerente Cristiane Gomes, 29. Conforme ela, a ausência dos alunos, que consumiam diariamente os produtos alimentícios oferecidos na rede, já gerou um prejuízo de R$ 70 mil.

Na Star Cópias, que também conta com um grande volume de clientes entre os professores e alunos da Unesp, a queda na movimentação foi menor, de 30%. "Aqui sofremos menos, pois temos frequentadores de outras universidades e não dependemos tanto da Unesp quanto os quiosques localizados dentro do campus", explica o proprietário Marcos Lopes Sakuma, 37.  No entanto, mesmo assim, "esse fator os afetou bastante".

 

Estudantes


Para o estudante de Engenharia Cartográfica, Leonardo Drozino, 19, a situação "ultrapassou os limites da sanidade" e a melhor solução seria interromper o movimento temporariamente para tentar "recuperar o tempo perdido" e, após normalizar a situação acadêmica dos estudantes, eventualmente retomar a greve.

Caso as atividades da Unesp retornassem à sua normalidade este mês, o estudante explica que seria possível concluir o primeiro semestre até janeiro, o seguindo em 2015. "Mas se continuar assim, perderemos o ano letivo inteiro", comenta. Outra preocupação, segundo Drozino, é que quando as atividades forem retomadas, os estudantes retornarão no final do semestre, já com um calendário de provas a cumprir, "o que também poderia ser prejudicial".

Para Ana Letícia Euzébio, 20, que está no 3° ano de Geografia, as "férias", período em que a greve iniciou, não era o recomendado, visto que "os alunos estavam no meio do semestre, em época de eleição, e Copa do Mundo". "Portanto, era óbvio que isso viraria uma bola de neve".  Laia Rodriguez, 20, que cursa Engenharia Ambiental, na Unesp, expõe que participa do grupo de "cheerleaders" da universidade, as "Cheers", e afirma que a paralisação dispersou "completamente o time e fez com que ficassem até sem treinar".

Já Elaine Oliveira, 19, estudante de Fisioterapia que reside em Guaratinguetá (SP), conta que "é ruim voltar a Prudente para realizar trabalhos relacionados à faculdade, mas sem poder estudar". Ela explicou que gostaria de ir para sua casa por um tempo e, por isso, foi liberada de suas atividades no laboratório de fisioterapia. "Mas mesmo assim precisaram de mim, então, voltei".

 

Nova reunião


A Assessoria de Imprensa da Unesp informa que às 16h de hoje, na sede do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), na capital, ocorrerá uma reunião entre as reitorias e os sindicados das três universidades envolvidas na paralisação - Unesp, USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Conforme noticiado em O Imparcial, uma proposta de reajuste de 5,2% para docentes e servidores técnico-administrativos das instituições foi apresentada na semana passada. Desta forma, o pagamento seria efetuado em duas parcelas - a primeira, de 2,57%, na folha de setembro, a ser paga em outubro, e a segunda, do mesmo percentual, na folha de dezembro, a ser paga em janeiro de 2015.

Segundo o presidente da Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp) de Prudente, Ricardo Pires de Paula, o reajuste não é retroativo a maio, e os sindicatos das instituições de ensino querem um abono que reponha essa perda.  Conforme ele, a Adunesp deverá apresentar uma contraproposta na reunião de hoje.
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