HE fecha outubro com 11.402 procedimentos realizados: maior volume desde a fundação

Instituição filantrópica de Prudente responde à escalada do câncer no interior paulista e mostra a força de uma rede de tratamento que se tornou essencial fora dos grandes centros

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 05/11/2025
Horário 05:55
Foto: Hospital de Esperança
HE hoje concentra principal fluxo de pacientes oncológicos do oeste paulista
HE hoje concentra principal fluxo de pacientes oncológicos do oeste paulista

O número impressiona: 11.402 atendimentos em apenas um mês. Outubro foi o mais movimentado da história do HE (Hospital de Esperança), em Presidente Prudente, que hoje concentra o principal fluxo de pacientes oncológicos do oeste paulista.

Entre cirurgias, internações, consultas, sessões de quimioterapia e radioterapia, o hospital alcançou também uma marca simbólica — mais de 400 atendimentos por dia. É um retrato da crescente procura por tratamento de câncer em uma região que, até poucos anos atrás, dependia de longos deslocamentos até centros como Barretos, Jaú ou São Paulo.

Números do mês

A radioterapia respondeu por 1.815 sessões. O Centro de Diagnóstico por Imagem, 4 mil exames. As consultas ambulatoriais chegaram a 3.326, seguidas por 1.198 aplicações de quimioterapia, 407 internações, 289 cirurgias e 367 atendimentos de urgência.

Somados, formam um cenário de alta complexidade que vem se expandindo ano após ano — reflexo de investimento constante em tecnologia e da confiança crescente da população. “Os números contam parte da história. A outra parte está nas pessoas que agora conseguem tratar perto de casa, com dignidade e menos desgaste”, diz a diretoria do hospital.

Desafios no interior paulista

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil deve registrar cerca de 704 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025 — sendo o Estado de São Paulo responsável por mais de 125 mil diagnósticos por ano. A escalada dos casos tem pressionado as estruturas de saúde, especialmente nas regiões mais afastadas dos grandes polos médicos.

No interior, o desafio é duplo: garantir acesso ao tratamento e reduzir o tempo entre diagnóstico e início da terapia. O HE, criado por mobilização popular e mantido por doações e parcerias com o SUS (Sistema Único de Saúde), preenche exatamente esse vácuo.

Atende pacientes de mais de 45 municípios, uma população de quase 1 milhão de habitantes. E faz isso com uma lógica que une eficiência e cuidado humano: consultas, cirurgias, radioterapia, quimioterapia e exames concentrados em um mesmo espaço, o que reduz a peregrinação dos pacientes por diferentes cidades.

Efeito da proximidade

Para entender o impacto disso, basta imaginar o senhor João, 62 anos, morador de Teodoro Sampaio. Até pouco tempo atrás, um diagnóstico de câncer significava viajar centenas de quilômetros até Barretos. Hoje, João faz todo o tratamento em Prudente, a menos de duas horas de casa.

Parece simples, mas essa proximidade muda tudo: o tempo de resposta ao tratamento, o apoio emocional da família, o custo, o ânimo. “É poder voltar para casa no mesmo dia, dormir na própria cama e acordar para lutar de novo”, resume uma das enfermeiras que atua no setor de quimioterapia.

Entre a técnica e a humanização

O Hospital de Esperança não é apenas uma estrutura física. É o resultado de uma década de esforço coletivo — voluntários, médicos, doadores, prefeituras e pacientes que transformaram uma ideia em uma rede viva de cuidado.

A instituição opera com mais de 300 profissionais e mantém o atendimento 100% gratuito. A combinação de técnica e empatia virou marca registrada.

Em meio ao avanço estatístico do câncer no país, o HE funciona como uma espécie de contrapeso — um lembrete de que o interior também pode oferecer medicina de ponta, sem perder o rosto humano do cuidado.

“Ultrapassar os 11 mil atendimentos é simbólico. Mas o mais importante é o que não cabe nos números: o olhar de quem chega assustado e sai com esperança”, afirma a direção.

Um hospital que nasceu do povo

Idealizado nos anos 90, a instituição iniciou os atendimentos em 2015 a partir da mobilização da sociedade civil. Assim, o Hospital de Esperança de Presidente Prudente consolidou-se como um dos maiores polos filantrópicos de oncologia do interior paulista. Mantém parceria com o Sistema Único de Saúde e oferece atendimento integral em diagnóstico, cirurgia, quimioterapia, radioterapia e internações.

Hoje, é o principal destino de pacientes oncológicos de toda a região. E outubro — com seus 11.402 atendimentos — marca não só um recorde, mas uma constatação: o hospital que nasceu da solidariedade se tornou uma das engrenagens vitais da saúde pública regional.

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