História da FCT é marcada pela dedicação das pessoas 

Conheça a história de cinco servidores e docentes que deram forma à alma da faculdade

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 04/05/2024
Horário 05:55
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FCT/Unesp completou 65 anos nesta sexta (3)
FCT/Unesp completou 65 anos nesta sexta (3)

A história dos 65 anos da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) não foi constituída apenas de projetos, infraestrutura, pesquisa e ensino, mas especialmente pela relação de milhares de pessoas com o dia a dia da universidade.

Entre servidores administrativos, técnicos, terceirizados, professores e alunos, muitos nomes contribuíram para tornar a universidade o lugar que é hoje, promovendo ensino, pesquisa e extensão, e ao mesmo tempo tiveram suas vidas marcadas para sempre. 

Seria impossível colocar em um único texto de reportagem todos os exemplos de vida que construíram a própria história da FCT, mas foram selecionados alguns nomes que, com seus depoimentos, representam o sentimento geral do quanto a universidade significa para cada um.

Com vocês, as palavras de Flora Hideko Sato, Homero Marques Gomes, José Vicente Ribeiro, Eliseu Sposito e Mara Lucia Ascenço Dedubiani. 

Flora Hideko Sato

"Eu passo mais tempo aqui do que na minha casa. A Unesp é uma família de raízes profundas para mim". 

A história de Flora Hideko Sato com a FCT/Unesp tem quase 35 anos e no começo aconteceu meio que por acaso. 

Flora trabalhava em uma construtora quando o concurso para desenhista foi aberto. Ela não queria trocar de emprego, mas seu chefe insistiu e uma amiga, que já era desenhista na universidade, a convenceram. 

"Fiz a prova sem estudar e tirei 50. O 1° colocado tinha pontuado 90. Nunca iria passar. Veio a fase prática e eu nem estava ligando, até que me avisaram que fiquei em 1° lugar", conta. 

Depois das convocações, Flora se apresentou no prazo limite. "Eu fui ‘colocada’ na Unesp", brinca. "Não tinha dinheiro para ir até São Paulo fazer os exames médicos e assumir o cargo. Amigos fizeram vaquinha e me emprestaram dinheiro. Um primo que não via há muito tempo até apareceu do nada para me levar ao banco sacar o dinheiro da viagem, já perto do horário de fechamento da agência. Eu não teria chegado ao centro a tempo".

Hoje, com idade para se aposentar, Flora ainda não consegue. Há muito dela nos prédios da Unesp e muito da Unesp em si. "Passei pela Biblioteca, já tive um cantinho na Cartografia e fui parar até na casinha da Arquitetura. As seções mudaram e eu ia sendo ligada a uma nova. Hoje sou supervisora da Seção de Apoio ao Ensino e Extensão [Staepe] e faço de tudo um pouco. Desenhar já não faço tanto, mas devo tudo o que aprendi à Unesp, principalmente aos professores Dr. José Carlos Plácido da Silva e o Dr. Roberto Deganutti, com quem aprendi a desenhar mesmo. Nada do que a gente faz é sozinho e a FCT/Unesp sempre foi presença constante em minha vida".

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Flora: “A Unesp é uma família de raízes profundas para mim”

Homero Marques Gomes

Em 2002, houve um grande movimento no extinto Departamento de Ciências Ambientais para criação de novos cursos. O professor Dr. Homero Marques, vinculado a esse departamento, recebeu o dever de estudar as possibilidades com um colega e "nós fizemos o estudo e propusemos a criação de um departamento de Física e Química e um departamento de Ciências Ambientais, agora já ligados à nova Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente". 

Nessa época, já existiam os cursos de Matemática e Física e "faltava um curso de Química para completar as três áreas básicas". Homero, então, fez o projeto do curso de Química, apesar de só haver na faculdade dois docentes da área. 

Para Homero, o curso de Química nasceu com o objetivo de melhorar as notas dos alunos da região na disciplina. "Eu fazia parte da equipe que corrigia as provas de vestibular da Unesp. E o que me chamava a atenção era como a periferia do Estado de São Paulo ia mal em Química.

Eu não conseguia admitir isso e deduzi que o grande problema era que na região não existia nenhum curso nesta área e a única chance de melhorar a situação era criando o curso aqui, onde eventualmente os alunos formados poderiam ficar em sua cidade de origem, dando aulas na região. Foi uma satisfação imensa trabalhar no curso e construí-lo do nada".

Aprovado em 2003, o curso de Química concretizou o que Homero queria. Com exceção da primeira turma, todas as outras 12 que passaram por ele até 2015 eram formadas quase que na totalidade por alunos da região. "Eu via neles a minha situação inicial estampada. Eram pessoas de origem humilde com condições espetacularmente boas para fazer um curso de Química. Foi um estímulo muito grande ver o aluno entrando aqui no primeiro ano e chegando no quinto ano muito capacitado. Quase todos foram para a carreira acadêmica, mas muitos deles ficaram no ensino médio".

Os anos iniciais do curso foram "a época mais difícil do curso de Química", segundo Homero, que ficava tanto tempo fora que, quando chegava em casa, o cachorro avançava porque não conhecia mais o dono. Além disso, a universidade carecia de infraestrutura e ele ainda era o único docente com condição de administrar as disciplinas específicas do curso. E assim fazia, de domingo a domingo. "Dava aula de todas as disciplinas. Acertava o meu horário, porque eu tinha que ter horário livre todos os dias para ministrar aula. Foi extremamente difícil, mas eu seria capaz de fazer tudo isso de novo e sem receber, porque ver aquela meninada chegando e decolando foi a coisa mais bonita que eu já vi na vida. Não podia ter sido melhor. Não podia ter feito nada melhor na minha vida", declara. 

Aposentado em 2015, o professor sempre acreditou na universidade pública e na mudança de vida que ela proporciona a todos. Inclusive na dele. "Eu sou filho de uma família extremamente pobre, meu pai era marceneiro, minha mãe era costureira, sempre estudei com muita dificuldade. Eu tinha que fazer uma faculdade. Inicialmente eu nem pensava em fazer, mas depois vi que era possível. A Unesp abriu todas as portas para mim. Foi um emprego vitalício que mudou a vida de toda minha família". 

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Homero: “A Unesp abriu todas as portas para mim”

José Vicente Ribeiro

"Eu nunca disse não para ninguém aqui da Unesp", se orgulha José Vicente Ribeiro, um dos nomes mais conhecidos na FCT/Unesp. Quase todos os servidores do campus já o viram em ação e são unânimes em apontar a presteza e a simpatia do servidor.

Conhecido como "Zé" pelos colegas, ele está na Unesp há quase 35 anos como assistente operacional II. 

Zé explica que conheceu a Unesp, na época, trabalhando de forma indireta, por meio da Prefeitura de Presidente Prudente. 

Ficou cerca de um ano nesta condição até que conseguiu entrar na universidade de forma definitiva. 

Segundo ele, com o passar dos anos "o trabalho na FCT/Unesp continua o mesmo porque minha dedicação nunca mudou".

Esta declaração é muito comum entre aqueles que possuem mais de 20 anos de casa. "Esse é um hábito que não quero e nem vou perder. Até me aposentar espero ficar por aqui", revela. 

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José Vicente: “Até me aposentar espero ficar por aqui”

Eliseu Sposito

Egresso da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente (FFCL), o professor Dr. Eliseu Sposito tem uma relação íntima com a FCT/Unesp. Afinal, praticamente dois terços da vida dele aconteceram dentro da universidade. "Entrei na Unesp em 1971. Desde lá, eu estou dentro dela com um intervalo de apenas dois anos e meio. A Unesp faz parte do meu sangue”.

Desenhista da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, enquanto ainda aluno, Eliseu ilustrou muitas teses e dissertações de professores que depois se tornaram colegas. Em 1980, já assumia as aulas da graduação e presenciava a criação da pós-graduação, área que viria a ser coordenada por ele apenas dois anos depois de terminar o doutorado em 1992. Foi neste mesmo ano que se tornou pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e em 2024 foi considerado pesquisador no nível 1B pela larga experiência científica em produções de alto nível e com reconhecimento internacional.  

De acordo com ele, cerca de 120 turmas já passaram por suas mãos desde a livre-docência e a aprovação como professor titular em 2007. Atualmente, Eliseu é professor voluntário e está aposentado desde 2019. 

"Minha vida dentro da Unesp se resume a uma relação muito positiva. Eu gosto de trabalhar na Unesp. Gosto do lugar, dos prédios, das pessoas. Trabalhar aqui não é dificuldade, é um prazer", diz. 

"Eu diria que, como estudante, foi importante a minha participação na criação e no funcionamento do Jornal Carcará e como pesquisador, ser parte CNPq 1B e ter sido representante da Geografia na Fapesp, participado da avaliação dos livros didáticos do plano nacional do livro didático. Além de ter sido homenageado na Semana de Geografia, ter chegado ao título de professor titular foi uma grande realização para minha carreira", responde o professor. 

Outro ponto que traz ao professor satisfação pelo trabalho realizado diz respeito às pesquisas sobre o planejamento urbano, tanto do ponto de vista da organização da cidade, quanto do ponto de vista ambiental, climático e econômico. "Nossas pesquisas estudam, explicam, dão subsídios para quem quiser atuar na organização da cidade. Eu acho que a grande contribuição que nós fizemos é exatamente essa, fazer pesquisas, dar informações para que as pessoas que tomam decisões possam utilizar da melhor maneira possível", finaliza.

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Eliseu: “Ter chegado ao título de professor titular foi uma grande realização”

Mara Lúcia Ascenço Dedubiani

"Trabalho para FCT, essa é minha dedicação, independentemente de qualquer mudança na gestão". A frase é de Mara Lúcia Ascenço Dedubiani, apaixonada pelo trabalho e mais ainda pela FCT/Unesp.

Mara tem na ponta da língua o dia que começou: 10 de maio de 1983, 41 anos atrás. O dia que vai parar, ela prefere não dizer. "Já poderia ter me aposentado, mas tenho um grande carinho pela universidade. Trabalho com amor", conta ela.

Com compras, materiais, almoxarifado e patrimônio, Mara passou por muitas atividades na FCT e viu "as unidades se juntarem para se encontrar". 

Em 1983, começou como escriturária. Hoje é diretora técnica administrativa da Diretoria de Informática (DTI). Mara já participou de comissões, montou manuais de procedimentos para seção técnica e teve muitas responsabilidades junto à Coordenadoria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (CAADI). 

Entre suas contribuições para o desenvolvimento da FCT/Unesp, seu maior orgulho é a dedicação. "Sempre me dediquei e vou continuar assim enquanto tiver disposição e forças", afirma. 

(Com Assessoria de Imprensa FCT/Unesp Prudente)

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Mara Lúcia: “Trabalho para FCT, essa é minha dedicação”

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