Investigadora lança nova versão da cartilha “Golpe? Tô Fora!”

Conteúdo foi atualizado e traz 30 modalidades de estelionatos, todos relatos de registros de ocorrência

PRUDENTE - Cassia Motta

Data 18/05/2025
Horário 08:52
Foto: Cedida
Atualizada, cartilha traz 30 modalidades de estelionatos
Atualizada, cartilha traz 30 modalidades de estelionatos

A investigadora de polícia da CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Presidente Prudente, Barbara Camapum, lançou uma nova versão da cartilha “Golpe? Tô Fora!”. Segundo ela, a primeira versão da cartilha, lançada em fevereiro de 2020, possuía 12 golpes. “Após a pandemia, os criminosos começaram a aplicar outros golpes, a criarem novas modalidades de golpes, o que tornou necessária uma nova versão da cartilha, trazendo mais 18 tipos de golpes, totalizando 30 modalidades de estelionatos descritos na cartilha”, explica Bárbara.

Ela explica que todos os crimes descritos na cartilha ocorrem frequentemente, seja por meio presencial, internet ou telefone. Sem exceção, todo conteúdo da cartilha são relatos de registros de ocorrência que ocorrem diariamente. “O golpe do bilhete premiado acontece com menos incidência, mas acontece. Uma senhora de Prudente, em 2019, chegou a perder R$ 400 mil. Após investigação policial, localizamos os criminosos em Passo Fundo [RS] e os prendemos. No início deste mês, por exemplo, já tivemos outra consumação desse golpe na cidade, a vítima também é uma idosa. Golpes como whatsapp e instagram hackeados são diários e demasiados. Golpe do nude de menor também é recorrente, assim como falsa clonagem do cartão, boleto bancário falso, falsos sites, falso empréstimo. É quase impossível apontar um único golpe que mais acontece, porque todos os descritos na cartilha são realizados ou pelo menos são tentados diariamente”.

Acesso à cartilha

De acordo com Bárbara, a cartilha traz uma linguagem simples. As modalidades dos golpes são bem descritivas, explicando como o crime acontece e alertando para que a pessoa perceba que está caindo em um golpe e não permita a consumação. A cartilha também traz informações para quem foi vítima de algum estelionato, como deve proceder.

A investigadora ressalta que a cartilha, atualmente, está disponível no site da Polícia Civil: www.policiacivil.sp.gov.br. Quem se interessar em adquirir a cartilha tem que clicar na guia INSTITUCIONAL, depois em GUIAS E ARTIGOS, sendo que a cartilha é o último artigo postado.

Também está disponível em download e é gratuito. Ainda pode ser adquirida, virtualmente, na BIO do perfil da Bárbara no Instagram @podbah.camapum. “Meu objetivo é que empresas, bancos, enfim, se interessem em investir neste projeto para que possamos imprimir a cartilha em formato livreto e deixar disponível em locais de fácil acesso a toda população, em destaque para os idosos, que é o público mais visado pelos criminosos e de certa forma têm certa dificuldade em ler um material extenso no meio virtual. O meu sonho, bem como do Tarcísio Coelho, publicitário que tanto me ajudou na elaboração da cartilha, sempre foi que os empresários apoiassem uma população informada contra o crime”.

Importância da informação

De acordo com Bárbara, a polícia é capaz de elucidar todos os casos, mas são muitos casos. “O estelionato é um crime complexo que demora tempo para a investigação e elucidação, pois a polícia necessita de informações de outros órgãos e empresas, e tudo isso demanda tempo. A vítima, quando cai no golpe, quer solução e não morosidade, e acaba se frustrando”, comenta. “Além do que, apesar da polícia identificar o criminoso e efetuar sua prisão, nem sempre a vítima é indenizada de pronto, muitas vezes irá necessitar de outra ação judicial, o que leva mais tempo ainda. Então, a prevenção é a informação. Quem tiver acesso à cartilha, peço que leia e estude com o mesmo carinho que eu a produzi, pois terá conhecimento de como um golpe ocorre e logo irá identificar e jamais se tornará vítima”.

Como proceder diante de um golpe

“Para não cair em golpes, primeiramente é se informar para não ser vítima. Mas, caso tenha sido vítima, é necessário angariar o maior número de elementos para o registro policial, como extratos, números de telefone, chave pix, números de contas, os diálogos, os sites, e não esperar muito tempo após a consumação do crime para que o registro seja efetuado. Juntamente com o registro policial, se dirigir até sua agência bancária, procurar pelo seu gerente e solicitar os bloqueios e cancelamentos possíveis a serem feitos de maneira administrativa, pois os bloqueios que a polícia pode proceder necessitam de autorização judicial, o que torna mais moroso o processo”.

Elaboração da cartilha

Bárbara conta que 2019 foi um marco na vida policial. Vários criminosos vindos de São Paulo começaram a aplicar golpes em idosos em Prudente, como o da falsa clonagem do cartão de crédito bancário. “Eles agiam em vários criminosos, um telefonava para a vítima dizendo ser funcionário do banco e a fazia acreditar que seu cartão estava clonado e que alguém estava usando em outra cidade. Logo esse falso funcionário do banco procedia a um falso cancelamento do cartão e enviava um criminoso até a casa do idoso para recolher o cartão, que estava dentro de um envelope com uma carta contestando as falsas compras. Assim que o criminoso pegava o cartão do idoso e com a senha que foi adquirida no momento do falso cancelamento, os criminosos faziam um arraso na vida das vítimas, gastavam todo o dinheiro que estava na conta, faziam empréstimos, usavam o dinheiro da poupança, deixavam o idoso zerado de todo o dinheiro guardado por uma vida. Os idosos que me procuravam estavam muito deprimidos, e aquilo me deixava muito triste”. 

Com isso, no final de 2019, Bárbara começou a conhecer o modo de agir dos criminosos e conseguiu efetuar prisões em flagrantes, em Prudente. Ela conta que os bancos privados começaram a ressarcir as vítimas, e os públicos, somente após ação judicial. “Então, em tese, as vítimas estavam sendo ressarcidas e os criminosos presos, mas ainda assim os idosos/vítimas, continuavam muito deprimidos, pois tinham sido passados para trás. Vivenciando essa situação, decidi trabalhar também com a prevenção dos delitos, por isso resolvi escrever esse manual antifraude, quando fui procurada por idosos, no lançamento da primeira versão da cartilha que me diziam que não caíram em golpes, pois haviam lido a minha cartilha. Foi aí que tive a certeza que meu objetivo estava começando a ser atingido”, comenta Bárbara.

Foto: Cedida


Bábara Camapum lança verão atualizada da cartilha “Golpe? Tô Fora!”

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