Irresponsabilidade que fere inocentes

EDITORIAL -

Data 10/12/2025
Horário 04:15

A persistência da imprudência no trânsito segue sendo um dos mais alarmantes retratos da irresponsabilidade humana. Em pleno século 21, com campanhas educativas constantes, leis cada vez mais rigorosas e estatísticas assustadoras sobre mortes e sequelas permanentes, ainda há quem insista em acreditar que pode assumir o volante após ingerir álcool, como se o carro fosse uma extensão do próprio ego e não uma máquina capaz de destruir vidas em segundos.
O episódio registrado no domingo, em Presidente Prudente, é mais um sinal contundente de que a sociedade segue refém dessa postura criminosa travestida de “descuido”. Receberam atendimento no HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo) as duas crianças que sofreram ferimentos leves ao serem atropeladas, no fim da tarde, no Parque São Matheus. Segundo o Boletim de Ocorrência, os irmãos, uma menina de 6 anos e um menino de apenas 4, estavam na calçada, no espaço considerado mais seguro para um pedestre, ainda mais para crianças, quando foram brutalmente atingidos por um carro Ônix que invadiu o local.
O veículo era conduzido por um professor de 68 anos que estava embriagado. Ele foi preso em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Ainda que a legislação tenha agido, nada apaga o susto, o trauma e o risco ao qual duas vidas tão pequenas foram expostas sem qualquer justificativa aceitável.
O caso evidencia o óbvio: enquanto a cultura da “tolerância social” ao álcool e direção não for definitivamente rompida, tragédias continuarão a se repetir. Basta uma decisão irresponsável para transformar uma tarde comum em um pesadelo coletivo. O motorista embriagado não coloca apenas a própria vida em risco; ele se converte em ameaça pública, um perigo que avança silencioso até que o estrago se torne inevitável.
Dirigir alcoolizado não é acidente: é escolha. E escolhas têm consequências jurídicas, sociais e morais. O episódio do Parque São Matheus precisa servir, mais uma vez, como alerta de que nenhuma desculpa, celebração ou rotina vale a vida de inocentes. A sociedade não pode mais normalizar o que é, em essência, um ato de violência.
 

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