Já pensou sobre a cumplicidade do bolo?

Um bebê, após o nascimento, para seguir vivendo, necessita de cuidados especiais, onde ele próprio não pode prover. Totalmente dependente precisa de cuidados especiais.  O mundo do bebê se faz vivo pela oralidade. São as primeiras impressões e sensações de ser contido por alguém que lhe alimenta. “Nem só de pão vive o homem”, frase celebre e real. O seio não só alimenta, como também fornece um continente para o bebê depositar um possível mal estar. Ele não decifra o mal estar da fome, do frio, de estar encharcado de xixi. Necessita de alimento também emocional para sua constituição psíquica. 
A mãe e o bebê ficam tão juntos, quase que se transformam numa coisa só. Tudo faz sentido e tem significado na dupla boca-seio. Ficam num estado de fusão. O bebê fica em um estado de ilusão dentro de uma onipotência que lhe faz motivar para o caminho da vida. Quando passamos à fase adulta, tudo isso não muda muito. 
Observaram que qualquer evento, seja qual for ele, lá estamos nós unidos pela oralidade? Hoje em todas as reuniões, sejam elas familiares, sociais, profissionais, institucionais, enfim, em qualquer encontro, ficamos diante do “bolo”.  Há o bolo de aniversário, bolo de casamento, noivado, batizado, da vovó, da mamãe, de chocolate, bolo de fubá, bolo do amor. Há bolos que são inesquecíveis pelos momentos também inesquecíveis, onde ele aparece. Os bolos são sempre os protagonistas das datas festivas em geral. Sempre que vamos comemorar alguma data festiva, lá está o bolo. Tudo acontece do lado do bolo. Fotografias, discursos, reuniões familiares, do esposo, fotos com os filhos, fotos com os tios, primos, primas, enfim, todos. 
Os bolos unem, fazem história. Já viu festa junina, sem bolo? Os bolos são doces, macios e adoçam a alma. É através dos bolos que nos encontramos, os bolos marcam encontros. Encontros formais, casuais, informais e sensuais. Os bolos ocupam lugares de destaque. O bolo é sinônimo de festa. Toda festa tem o bolo. Mas ninguém quer cortar o bolo. Quando corta o bolo vai todo mundo embora. Por causa do bolo cortado a festa acaba. Como o bolo é importante! Ele une, confraterniza, integra, interage e açucara o espírito. Todo álbum de fotografia ele é o que mais aparece. 
Junto do bolo vem tudo de bom. Seus parceiros são alegria pura. Velas, doces, flashes, flores, músicas, sons, dança e tudo vai além de nossa imaginação. Os bolos são símbolos que concretizam mais um ano de vida. Cada ano de vida comemorado, temos um bolo para ser nosso cúmplice. Comemorar mais um ano de vida significa cortar o bolo e ainda o direito de fazer o pedido. O bolo vai realizar seus desejos. O bolo simboliza passagem, transição, mudanças, crescimento e evolução. O bolo é rico, enfeitado, colorido, cheiroso e apetitoso. 
Sabia que o bolo tem autoestima alta, solidariedade, generosidade, e afeto? Mesmo sabendo que vai ser devorado está sempre altivo, bonito, cheiroso e gostoso. Aproveitem a vida, comemorem. Sentem-se com seus velhos, com seus pais, tios, filhos, netos, avôs, enfim, levem sempre o bolo, e com calma tomem um café. Não esqueçam. Não tenham pressa. Por trás do bolo há muito mais do que nossa precária emoção pode imaginar. Tudo começa pela boca. Acredito que tem muita gente passando “fome” e muitas pessoas psicossomatizando em doenças estomacais: gastrite, esofagite, úlcera, etc.
 

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