Jovens relatam rotina durante isolamento social

Mesmo diante de tantas pessoas que descumprem as recomendações das autoridades, há quem se mantém firme no cuidado com a saúde pública pelo bem do coletivo

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 12/07/2020
Horário 13:28
Arquivo pessoal  - Sobrinho de Taíne, Lucca, é um dos responsáveis por deixar a quarentena “mais leve”
Arquivo pessoal  - Sobrinho de Taíne, Lucca, é um dos responsáveis por deixar a quarentena “mais leve”

Quando se fala em distanciamento social, muito se pensa sobre a quantidade de pessoas que, sem necessidade, se permitem, por exemplo, dar uma voltar no centro da cidade – como era o caso da região de Presidente Prudente, quando o comércio ainda estava aberto – ou então no número de eventos clandestinos, ou não, que causam aglomerações e seguem na ativa como se a fila do número de mortes pela Covid-19 não crescesse a cada dia. Por outro lado, no entanto, ainda há uma grande parcela da população que segue fielmente as recomendações de, sempre que possível, ficar em casa e que já há meses precisou adaptar a rotina de lazer, estudos e serviço, para o nosso “novo normal”. 
Um exemplo destas pessoas que seguem as recomendações é o estudante de Educação Física, Murillo Oliveira, 24 anos. Para ele, que tinha uma rotina bastante corrida e movimentada, estar “preso” dentro de casa há meses, com uma mudança de rotina de uma hora para a outra, fez com que surgissem alguns obstáculos no início. “Foi difícil me acostumar a somente ficar em casa. Hoje, já consigo entender melhor, estou mais adaptado, mas doido pra voltar logo à rotina antiga”, aponta.
O estudante, que também é jornalista já formado, afirma que as aulas na Fct Unesp Presidente Prudente (Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), onde estuda, foram interrompidas assim que a pandemia teve início e diz que a solução foi o ensino à distância. Para ele, no entanto, o aprendizado remoto é “complicado de lidar”, visto que o curso de Educação Física é muito prático e requer vivências específicas para que o aluno se torne futuramente um bom profissional. “E isso requer contato com outras pessoas, o que não podemos fazer neste momento”. 
Ele afirma que a pandemia trouxe certa sensação de estar sozinho, uma vez que ele se considera uma pessoa do contato, que gosta de estar com amigos, mas que no momento se permite sair apenas para ir a serviços considerados como essenciais, no lugar da família, como é o caso dos supermercados. “Em relação aos novos hábitos, tento conciliar com os exercícios físicos. Já sobre o que gostaria de fazer quando tudo isso passar, penso que poder encontrar meus amigos, ir à igreja e jogar vôlei seriam os principais”. 

"Falta conscientização"

A jornalista de 25 anos, Taíne Correa, também tem respeitado as indicações de distanciamento social desde o início. Para ela, no entanto, a adaptação foi mais tranquila, até porque ela já realizava alguns serviços de casa, o que a proporcionou familiaridade com o esquema de home office. Mesmo com uma demanda estável, as horas trabalhadas, por outro lado, diminuíram com o “novo normal”. “A comunicação, que antes era feita toda pessoalmente, até com amigos, hoje é 100% virtual. Não sair de casa para mim é tranquilo, pois creio que precisamos pensar que tudo isso é para uma razão maior”. 
Ela comenta, no entanto, que nem todas as pessoas são conscientes como ela, e os amigos. Os famosos “furões” da quarentena acabam, com isso, contribuindo para o aumento no número de casos e, consequentemente, de mortes. “Acho que ver essa rotina que para muitos não mudou em nada seja um dos grandes desafios, e isso desanima”, complementa. 
O sobrinho dela, Lucca, por outro lado, é um dos responsáveis por manter este período mais leve, já que a criança fica com ela todos dias e ajuda na distração.

Foto: Arquivo pessoal 


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