Mais do que cumprir cotas, é preciso romper barreiras

EDITORIAL -

Data 04/05/2025
Horário 04:15

A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é, antes de tudo, uma questão de justiça social e de respeito aos direitos humanos. Apesar de o Brasil contar com a Lei nº 8.213/91 — conhecida como Lei de Cotas — que determina que empresas com 100 ou mais funcionários reservem de 2% a 5% de seus cargos para pessoas com deficiência, a realidade ainda está longe do ideal. A legislação existe, mas enfrenta obstáculos práticos e culturais que, muitas vezes, minam sua efetividade.
É nesse contexto que o trabalho desenvolvido por instituições dedicadas à capacitação, qualificação e inserção profissional de pessoas com deficiência ganha importância estratégica. Em Presidente Prudente, um grande exemplo é o Núcleo Tterê de Trabalho e Realização. Na edição deste domingo, O Imparcial compartilha com os leitores os desafios enfrentados pela entidade para a inserção dos atendidos no mercado de trabalho.
Essas organizações não apenas preparam o público para o desempenho de funções com competência e autonomia, mas também atuam como pontes entre o talento e a oportunidade, desafiando preconceitos e abrindo caminhos para uma inclusão real. Mas, infelizmente, ainda há resistência por parte de muitos empregadores. Em vez de adotar uma postura verdadeiramente inclusiva, algumas empresas optam por contratar pessoas com deficiências que julgam mais "aceitáveis" ou "menos impactantes" no ambiente de trabalho. Essa prática evidencia uma visão limitada e discriminatória, que ignora o potencial humano e profissional existente em toda a diversidade da deficiência.
Cabe destacar que a deficiência não define a capacidade de trabalho. Com acessibilidade, apoio adequado e um ambiente inclusivo, milhares de pessoas com deficiência podem exercer funções com eficiência, responsabilidade e talento. O trabalho é mais do que um meio de sustento — é uma via para o desenvolvimento pessoal, para a construção da autoestima e para o exercício pleno da cidadania.
A inclusão no mercado de trabalho representa um passo essencial rumo a uma sociedade mais justa e igualitária. Trata-se de reconhecer que pessoas com deficiência têm o direito de viver com dignidade, de contribuir ativamente com a sociedade e de construir uma trajetória profissional pautada por mérito, respeito e oportunidade.
Portanto, é urgente que o poder público, o setor privado e a sociedade civil unam esforços para fortalecer iniciativas que promovam a inclusão. Mais do que cumprir cotas, é preciso romper barreiras — físicas, atitudinais e institucionais — e garantir que todas as pessoas tenham a chance de realizar seu potencial. Incluir não é favor, é dever. E mais que isso: é um ato de humanidade.
 

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