Mais que ícone do agronegócio, foi um exemplo de integridade e amor à família

Presidente do Grupo Matsuda faleceu no final da tarde do primeiro dia do ano, aos 71 anos de idade

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 03/01/2020
Horário 04:33
Cedida - Jorge Matsuda liderou o Grupo Matsuda desde o início dos anos 80 e construiu um gigante do agronegócio brasileiro
Cedida - Jorge Matsuda liderou o Grupo Matsuda desde o início dos anos 80 e construiu um gigante do agronegócio brasileiro

O empresário Jorge Matsuda, presidente do Grupo Matsuda, faleceu na tarde de quarta feira, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, vítima das complicações do câncer que tratava há quatro anos. Matsuda tinha 71 anos. Trabalhador obstinado e dedicado a cada detalhe dos negócios, mesmo no leito do hospital, ainda comandava a empresa e várias vezes compareceu a eventos pelo Brasil, sempre ao lado da mãe, nonagenária, da esposa, filhos, irmãs e descendentes da família sócia, os Sammi. Seu orgulho pela família era constantemente manifestado.

A história de Jorge Matsuda começa a ser narrada há 18 mil quilômetros do Brasil, no Japão, de onde seu pai, Sichiro Matsuda, emigrou para o Brasil aos 14 anos de idade, desembarcando em Santos, em janeiro de 1935. Mais tarde, em 1930, chega ao Brasil a família Sammi. Cinco anos depois era a vez da família Suzuki desembarcar em solo brasileiro.

Assim que chegou ao Brasil para trabalhar na agricultura, principalmente de café e algodão, cada família teve destino diferente, mas o reencontro anos mais tarde resultaria no início de um grande empreendimento, o Grupo Matsuda. No início de 1943 acontece a união das famílias Matsuda e Suzuki, pelos laços do matrimônio. Era o casamento de Schichiro Matsuda e Fumico Suzuki.

Após anos de trabalho árduo, “Seu Zé Matsuda e dona Diva”, como ficaram conhecidos, passam a tocar sua própria lavoura de algodão, o que fizeram por 8 anos, sempre acordando muito cedo e trabalhando até tarde.

Em 1948, após vender tudo que possuía, “Zé Matsuda” se muda para Álvares Machado, onde compra o Bar ABC, o primeiro estabelecimento comercial da família. Algum tempo depois, o bar se torna empório e começa a vender feijão, comprado no Paraná. Em 1959, Skio Sammi, casado com dona Tereza Suzuki, concunhado de “Seu Zé”, é convidado a trabalhar no empório, que crescia na comercialização de arroz, feijão, batata, cebola, farinha e açúcar. Juntos, ampliaram os negócios e tornaram-se grandes cerealistas, com destaque para a comercialização do amendoim.

MATSUDA SEMENTES

E NUTRIÇÃO ANIMAL

Os negócios cresciam ao mesmo tempo em que as famílias Sammi e Matsuda aumentam com a chegada dos filhos. Na década de 80, Jorge Matsuda se junta ao pai, na administração dos negócios.  Ao perceber o fim do ciclo do amendoim, buscou novos projetos. Era o início da Matsuda Sementes e Nutrição Animal.

Sempre valorizando a família e os colaboradores, o grupo cresceu, e hoje é sinônimo de qualidade, transparência e resultados. O nome Matsuda incorpora várias linhas de produtos no mercado: sementes para pastagem, nutrição animal, medicamentos veterinários, equipamentos, inoculantes, rações pet e rações para peixe. Atualmente, a empresa conta com eficientes unidades fabris e modernos laboratórios para garantir a qualidade de seus produtos, exportados para mais de 26 países.

Mas Jorge Matsuda não deixou um legado só nos negócios, disse o advogado Mauro Cesar Martins de Souza: “Sua imagem projeta integridade, amor à família e aos amigos, bondade e vontade de fazer o bem”.

O corpo de Jorge Matsuda é velado desde ontem de manhã na sede da Associação Nipo Brasileira de Álvares Machado, na Rua Fernando Costa, 272. O sepultamento será nesta sexta feira, às 10h, no Cemitério Municipal de Álvares Machado, sua terra natal.

JORGE MATSUDA PEDIU

DOAÇÕES AO HRCPP

No ano passado, foi lançado o livro com a biografia de Jorge Matsuda, de autoria do professor Fernando Carvalho, pesquisador de nutrição animal, grande amigo do empresário e seu antigo colaborador. Única exigência do biografado foi que toda venda do livro fosse destinada ao HRCPP (Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente).

No leito de morte, seu último pedido à família foi textualmente relatado pelo amigo Fernando Carvalho: “Não enviem flores ao meu funeral, se possível revertam em doações ao Hospital do Câncer. Coloquem o número da conta do Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente, para ajudar os que mais precisam”.

Atendendo ao pedido de Jorge Matsuda, eis o número da conta do HRCPP

Fundação Hospital Regional do Câncer

Banco do Brasil

Ag. 2958-0

C/C 40404-7

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