Marcel Sachetti relembra o início da paixão pela fotografia

Fotografar, para ele, significa tanto, que só pode dizer do que sente fazendo o outro sentir; imagens capturadas ao longo de 20 anos ficarão expostas a partir deste sábado, no Matarazzo

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 01/03/2024
Horário 08:20
Foto: Divulgação
Marcel Sachetti diz que  "máquina" nenhuma chegará na linha tênue do sentimento humano
Marcel Sachetti diz que "máquina" nenhuma chegará na linha tênue do sentimento humano

Você escolheu a fotografia ou ela o escolheu? “Olha, deve ter sido recíproco, num instante decisivo a gente se encantou e isso sei que aconteceu muito cedo, pois na infância eu já tinha fascínio pelas enciclopédias que minhas tias tinham, muitas de ilustrações da natureza”, recorda o fotógrafo prudentino, Marcel Sachetti, que passava horas folheando aquelas páginas.  

A ponte, segundo ele, foi um primo, Luiz Eduardo, que na época era fotógrafo (o primeiro que conheceu na vida), que o levou para tirar fotos pela cidade de Bauru. E ele achou tudo aquilo muito bacana para uma criança de seus lá 12 anos, mesmo porque na casa do primo tinha quadros de fotografias que ele fazia como close de flores, saltos de asa delta, paisagens e tudo numa sensação de liberdade marcante.  

“Aquilo tudo me ganhou. Descobrir que era possível captar o tempo foi mágico. Desde então, nos anos seguintes, estive em contato constante com formas de captar imagens. Nunca mais parei. Fotografar para Marcel Sachetti significa tanto que só pode dizer do que sente fazendo o outro sentir. 

“Se isso se dá através de uma fotografia minha que a pessoa vê, ou se dá por ela mesma, descobrindo através da própria câmera [clicando], então temos, talvez, um motivo, uma razão, não apenas um significado”, completa.  

Demandas muito mais rápidas

Ao falar a respeito da tecnologia cada vez mais avançada, pensando na fotografia, agora com esse “poder” da IA (inteligência artificial), Marcelo diz que esse universo tem mostrado de forma nunca antes vista a velocidade das mudanças através dessas ferramentas. E não acredita que seja possível saber onde vai parar. 

“É um campo infinito e cada dia mais realista a ponto de perder de vista o que é de fato verdade e o que não. Sou fascinado pela capacidade dessas criações, mas com receios e ressalvas quanto à otimização e automatização da fotografia em si, por exemplo, que vai sendo substituída por demandas muito mais rápidas e preenchendo lacunas que só um Deus Fotógrafo atenderia”, explana.  

Mas, este não existe e o conforto é a certeza de que "máquina" nenhuma chegará na linha tênue do sentimento humano e jamais substituirá a cognição da sensibilidade. O que acredito ser um trunfo num mundo cada vez mais descartável e necessitado de olhares sensíveis e gestos de amor. A tecnologia está aí mudando tudo, quem não vai na onda fica as margens do conhecimento, mas quem ainda sente, penso que tenha mais que todas as inteligências artificiais possíveis unidas. 

A exposição “A Sensibilidade”, de Marcel Sachetti, tem início neste sábado, na Pinacoteca Municipal Laert Bueno Junior, no Centro Cultural Matarazzo, e pode ser vista até o dia 31 deste mês.
 

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