Mediação, a arte de estar entre 

OPINIÃO - Luis Fernando Nogueira

Data 15/10/2021
Horário 04:30

Os profissionais do futuro devem estar preocupados com o desenvolvimento de habilidades que preparem para a solução de problemas. É claro que nem sempre problema significa conflito, mas pensando que os conflitos existem, as habilidades negociais ou de gestão de conflitos são fundamentais.
Nas atividades jurídicas ou de outras áreas profissionais, as pessoas precisam saber como gerir adequadamente seus conflitos. O advogado do futuro, por exemplo, segundo o ministro Luis Roberto Barroso, não é aquele que propõe uma boa demanda, mas aquele que a evita. Nem sempre as pessoas conseguem fazer isso porque muitas vezes estão envolvidas emocionalmente e não separam seus interesses das suas posições em razão do bloqueio dos canais de diálogo e de comunicação.
William Ury, cofundador do Programa de Harvard de Negociações e autor de livros “Como chegar ao sim” e “Como chegar ao sim com você mesmo”, afirma que o primeiro passo para negociar é ouvir o outro lado. A escuta pode ser muito difícil quando a pessoa se encontra em um estado de emoções e sentimentos que geram desconforto, confusão e poucas possibilidades de abertura para ouvir. Nessas condições, precisa de alguém de fora do conflito, um terceiro que tenha formação.
Esse profissional é o mediador de conflitos. Ele exerce uma atividade técnica que exige formação ampla em diversas áreas (jurídica, social, psicológica, antropológica e de comunicação) porque tem como atribuição a facilitação do diálogo de pessoas que se encontram em conflitos e que já não conseguem dialogar.
Muitos acreditam que é fácil ser mediador, mas essa atividade requer conhecimento de técnicas e etapas, estudo contínuo sobre conflito e, sobretudo, muita prática (treino). O mediador não é juiz e nem sugere soluções, mas desenvolve a capacidade de acessar o lugar vazio, nas palavras de Dulce Nascimento, para que auxilie na construção de canais de diálogo sem que isso lhe retire a capacidade de ser imparcial. O profissional deve estar ali para assegurar a igualdade, o acolhimento e a empatia. Como é importante a melhor compreensão da profissão de mediador de conflitos, seja ele atuante na esfera judicial ou privada!


 

Publicidade

Veja também