Mesmo ferindo e matando, uso do cerol em pipas ainda é uma realidade

EDITORIAL -

Data 02/08/2023
Horário 04:15

Agosto chegou. O mês dos ventos, ideal para quem gosta de colorir o céu soltando pipas. Mesmo com a volta às aulas e em meio a tanta tecnologia, é comum encontrarmos uma garotada que, com papagaios dos mais diferentes tamanhos e modelos, se diverte empinando e ajuda a manter viva esta tradição. 
Alguns praticam por puro hobby. Para outros, o legal é treinar diferentes manobras, cortar e conseguir o maior número de pipas. O período e o hábito, porém, acendem um alerta: mesmo com uso, posse, fabricação e comercialização proibidos por lei em todo o Estado de São Paulo, ainda é grande o número de acidentes com linhas de cerol: uma mistura de cola e vidro esmagado ou limalha de ferro, utilizado para cobrir a linha da pipa e cortar a de outra.
Neste caso, o cortante é perigoso não só para quem usa, mas principalmente para quem passa perto, como os motoqueiros, ciclistas e pedestres, por exemplo. Eles são as principais vítimas que, em casos de acidentes, podem ter partes do corpo cortadas ou até mesmo perder a própria vida.
Na edição de ontem, O Imparcial trouxe reportagem sobre um menino de 10 anos, em Santo Anastácio, que teve um corte profundo no pescoço após ser ferido por uma linha de cerol, enquanto andava de bicicleta no Jardim Santa Helena. O caso ocorreu na segunda-feira passada e assustou quem presenciou a cena. Após o incidente, o garoto foi levado ao Hospital Anita Costa, recebeu atendimento médico e, uma semana após o susto, encontra-se bem e recuperando-se do ferimento.
Mas nem todos têm a mesma sorte. Muitas vidas se foram e se vão da mesma forma. Além de repassar o que sabe a quem conhece, qualquer um pode ajudar na prevenção, ligando para o 190 e denunciando o uso do cerol, quando souber ou presenciar. Caberá à polícia tomar as providências cabíveis.
Mesmo sendo uma brincadeira antiga, soltar pipa ainda exige vários cuidados. E não só em relação ao cerol. O ideal é que não solte pipas em dias nublados e de chuva, principalmente se houver relâmpagos. Locais abertos como praças e parques são indicados, na tentativa de manter a brincadeira longe de antenas, fios telefônicos ou cabos elétricos. Ao correr atrás das pipas, quando caem, um outro grande risco é o de ser atropelado. Observar o trânsito próximo ao local é fundamental para a segurança. Subir em cima de lajes e telhados também é extremamente perigoso, podendo ocasionar grandes quedas.
Se todas as medidas necessárias forem tomadas, a chance da diversão se transformar em tragédia será praticamente zero. E lembre-se: cerol corta linhas, mas também interrompe vidas.
 

Publicidade

Veja também