Meu presente de Natal vai para...

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 22/12/2020
Horário 05:31

Sete dias por semana, 14 horas por dia. Milhares e milhares de vidas salvas, outras tantas perdidas. Milhões de vidas que um dia podem entrar nestas estatísticas. 
Os números que envolvem os profissionais de saúde são sempre muito altos e delicados, mas isso é muito pouco para defini-los. Há vida e morte, há esperança e tratamento, decepções e surpresas, fé e razão que se misturam em uma combustão pouco conhecida, mas que no fundo todos esperam que dê certo.
Se eu pudesse dar um só presente de Natal este ano, um só mesmo, não seria para ninguém próximo. Eles já sabem o quanto os amo. Eu teria o prazer de tirar um sorriso de cada um dos profissionais de saúde deste país. Não quero aqui dizer que são mais importantes que outros, mas há muito a se reconhecer por aqueles que mais do que quaisquer outros estão na linha de frente na guerra contra a Covid-19. 
O ano nem bem havia começado e eu posso imaginar nos grupos destes profissionais as mensagens que começavam a circular sobre um vírus com alto grau de contaminação e destruição. Mas nem consigo mensurar o que possa ter passado na cabeça de homens e mulheres tão acostumados com notícias ruins, além da preocupação também por não saber exatamente o que iria acontecer. Alguns podem não ter levado a sério, outros entenderam e se prepararam para uma luta tão insana quanto obscura. Que vírus é esse? Como tratar? Quais os protocolos? Infecção e reinfecção? Sistema circulatório ou respiratório? Comorbidades, como prevenir, como não morrer sem antes salvar vidas? Como trabalhar em um ambiente tão hostil? Posso tocar? 
E como se não bastassem os problemas que o vírus trouxe, estes mesmos profissionais precisaram, e precisam ainda, conviver, contornar e superar uma onda populista insana de negacionismo em relação à doença, aos sistemas de prevenção, a tratamentos e pós-tratamentos e à falta de uma coordenação central decente. Os governos populistas e seus seguidores fanáticos poderiam não ter atrapalhado tanto, como ainda o fazem. E sobram aos profissionais da saúde o ônus de tanta política de minimização dos riscos da doença, incentivo a aglomerações e não uso da máscara. Por fim, ainda precisam agora torcer para que a onda de negação em relação à vacina não prospere.
Cenário ruim, mas que de algum jeito é por certo relativizado quando a pessoa que está na maca precisa simplesmente ser salva. O que é mais importante nesta competição entre vida e morte? Profissionais de saúde, nos mais diversos graus e ocupações, possuem uma imensa coragem diante dos mais difíceis cenários e condições, mas podem se alegrar por viverem diariamente uma dádiva. Seja limpando um quarto de hospital, fazendo comida, medições e tratamentos, aconselhando, manipulando ou até amais das delicadas cirurgias, tudo isto tem um só sentido: manter a respiração. 
É o lance de estancar o sangue, sempre, mesmo diante do imponderável, do desconhecido, do risco. Primeiro estanca e faz passar de alguma forma para depois chegar a uma solução. Com a Covid eu sei, e confio, que o pensamento é este. 
Assim, eu quero que os profissionais de saúde saibam que neste dia 25 de dezembro minhas orações estarão também com vocês e por vocês. 
Vocês foram provados como nunca, mas também provaram que o ser humano não desiste nunca. Força!
 

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