Mudar o estilo de vida é possível

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 25/06/2025
Horário 04:30

Hoje, mais do que nunca, sabemos que cuidar da saúde vai muito além de tomar medicamentos. Claro, eles são essenciais em muitos casos. Mas ao lado deles, cresce uma área da medicina que se dedica a algo igualmente importante: ajudar o paciente a transformar seus hábitos de forma concreta, duradoura e com impacto real na qualidade de vida.
Estamos falando da medicina do estilo de vida, uma abordagem baseada em ciência, que apoia o paciente na prevenção, tratamento e até na reversão de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão e obesidade. O diferencial aqui não está em impor regras, mas em desenvolver habilidades: o paciente é orientado a criar metas realistas, testar novas estratégias e encontrar, com apoio profissional, o caminho que melhor se encaixa na sua rotina e história de vida.
Essa transformação se apoia em sete pilares fundamentais:
1.    Alimentação com comida de verdade: Esqueça modismos ou dietas restritivas. Comer bem significa priorizar alimentos naturais, minimamente processados, preparados em casa sempre que possível. Mais arroz e feijão, menos ultraprocessados. Mais temperos naturais, menos rótulos.
2.    Movimento diário: Não é preciso virar maratonista. O movimento, seja caminhar, dançar ou subir escadas, ajuda o coração, melhora o humor e fortalece o organismo. A meta é sair do sedentarismo e encontrar uma rotina possível e prazerosa.
3.    Sono de qualidade: Dormir bem é um ato de autocuidado. Criar uma rotina noturna, evitar telas antes de dormir e ajustar o ambiente do quarto podem fazer diferença. E quando o sono melhora, tudo melhora: energia, apetite, memória e até a paciência.
4.    Reduzir o estresse: Aprender a lidar com as pressões da vida é fundamental. Técnicas como respiração profunda, meditação, escrita e até momentos de lazer ajudam o corpo a sair do “modo alerta” constante. O estresse pode até ser inevitável; o sofrimento contínuo, não.
5.    Evitar substâncias nocivas: Tabaco, álcool em excesso e outras drogas cobram um preço alto. Mas abandonar esses hábitos não é questão de força de vontade pura, é um processo. Apoio, empatia e planejamento tornam essa jornada mais viável.
6.    Fortalecer os vínculos sociais: Relações saudáveis protegem a saúde. Conversas, risadas, presença, tudo isso ajuda a regular emoções, diminuir o risco de depressão e até baixar a pressão arterial.
7.    Espiritualidade: Aqui, não se fala de religião, mas de sentido. Pessoas que cultivam valores, propósito e práticas como gratidão, compaixão ou fé apresentam maior resiliência diante das adversidades. A espiritualidade pode ser o fio condutor que ajuda a sustentar mudanças difíceis.
A mudança de estilo de vida não acontece da noite para o dia. É um processo de construção de autonomia, com tropeços e conquistas. Nesse caminho, o consultório deixa de ser uma oficina de consertos e passa a funcionar como uma escola de saúde. O profissional de saúde atua menos como chefe e mais como parceiro, e o paciente, longe de ser culpado por suas escolhas passadas, torna-se protagonista de uma nova história de cuidado e bem-estar.

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