O sistema urinário é composto pelo rim, órgão responsável pela produção de urina, ureteres (que levam a urina dos rins até a bexiga), bexiga (onde a urina é armazenada) e a uretra (canal por onde a urina sai da bexiga e sai). As ITUs (infecções do trato urinário) são geralmente causadas por bactérias que entram no trato urinário através da uretra. “A Escherichia coli [E. coli], uma bactéria comum no trato gastrointestinal, é responsável pela maioria dos casos. Fatores como higiene inadequada, relações sexuais e uso de cateteres urinários podem aumentar o risco de infecção de urina”, explica o urologista de Presidente Prudente, Felipe Moura, que aponta que o problema é mais comum nas mulheres.
Isso porque a uretra é mais curta e está mais próxima da região anal, o que facilita a entrada de bactérias no trato urinário. “Além disso, alterações hormonais como a queda dos níveis de estrogênio na menopausa, por exemplo, podem reduzir a proteção natural da mucosa vaginal e urinária, facilitando infecções. O uso de certos produtos íntimos, como duchas vaginais, sabonetes agressivos ou absorventes internos, podem alterar o pH vaginal e a flora local, facilitando as infecções”, detalha.
De acordo com Felipe, os sintomas mais comuns são dor ou ardência ao urinar; vontade frequente de urinar; mesmo com pouco volume, a urina geralmente sai turva ou avermelhada ou com mau cheiro; e dor na parte baixa do abdómen. Febre, dor lombar e mal-estar geral são sinais de que a infecção pode ter atingido os rins, o que requer atendimento médico imediato.
Ele ressalta que nem toda infecção de urina causa dor. “Algumas pessoas, principalmente os idosos, podem ter infecção urinária sem sintomas típicos e a manifestação se dá através de confusão mental, queda do estado geral ou febre sem foco aparente. Em crianças pequenas, que não conseguem relatar a dor, podem se apresentar com febre, irritabilidade e alteração alimentar”, aponta.
O médico diz ainda que as infecções simples geralmente ocorrem em mulheres saudáveis, sem alterações anatômicas ou funcionais no trato urinário. Já as infecções mais complicadas ocorrem em pacientes com fatores de risco como cálculo urinário, doenças anatômicas do trato urinário, obstrução, diabetes, uso de cateter, entre outros.
O diagnóstico é feito com base na história clínica, exame físico, com auxílio de exame de urina tipo 1 e, quando necessário, urocultura e exames de sangue ou imagem.
O tratamento, segundo o médico, depende da gravidade e da localização da infecção, mas geralmente envolve o uso de antibióticos. “Em casos leves, o tratamento oral é suficiente. Infecções renais ou recorrentes podem exigir internação e medicação venosa”, acrescenta.
Ele alerta que, quando a infecção atinge os rins (pielonefrite), pode haver risco de sepse, principalmente em idosos imunossuprimidos e gestantes. Nesses casos, a infecção pode se espalhar pelo corpo e colocar a vida da pessoa em risco.
Para a prevenção, Felipe orienta ingerir bastante água, urinar com frequência, sem segurar por longos períodos, higienizar-se sempre da frente para trás após evacuar, urinar após as relações sexuais, evitar duchas vaginais e produtos irritantes na região íntima e evitar o uso desnecessário de antibióticos para prevenir, pois pode mascarar os sintomas, causar resistência bacteriana e dificultar o tratamento. “Ignorar os sintomas pode permitir que a infecção progrida para os rins, resultando em uma pielonefrite, condição potencialmente grave”, alerta.
Tipos de infecção urinária
- Uretrite (infecção da uretra): os sintomas são ardência ao urinar, secreção uretral e leve desconforto. Mais comum em homens jovens, associada a infecções sexualmente transmissíveis (como clamídia ou gonorreia);
- Cistite (infecção da bexiga): é o tipo mais comum e os sintomas são dor e ardência ao urinar, vontade frequente de urinar, sensação de bexiga cheia, sangue na urina e dor pélvica. São mais comuns em mulheres jovens, especialmente após relações sexuais;
- Pielonefrite (infecção dos rins): os sintomas geralmente são febre alta, calafrios, dor lombar, náuseas, vômitos e mal-estar geral. Quadro mais grave, pode evoluir para uma infecção generalizada (sepse) se não for tratada rapidamente;
- Bacteriúria assintomática (presença de bactérias na urina sem sintomas): comum em gestantes, idosos, diabéticos e portadores de sondas urinárias. Nem sempre precisa de tratamento, exceto em situações específicas como gravidez ou antes de cirurgias urológicas.
Mitos
“Infecção urinária é sempre transmitida por relação sexual”: FALSO. Apesar de o sexo ser um fator de risco, muitas infecções ocorrem por outras causas;
“Beber suco de cranberry cura a infecção”: FALSO. Embora alguns estudos sugiram benefício na prevenção, as evidências são limitadas e não há evidências de que o suco possa curar a infecção;
“Homens não têm infecção urinária”: FALSO. Embora menos comum, homens também podem ser acometidos, principalmente com o avanço da idade.