Não permita!

OPINIÃO - Rosana Borges Gonçalves

Data 27/08/2022
Horário 04:30

Vivemos num mundo onde a violência tornou-se corriqueira e desmedida, independente da classe social dos envolvidos. Porém, hoje, nosso foco será a violência doméstica. Aquela que ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação. O lugar onde se deveria contar com gestos de amor, carinho, proteção e atenção é rotineiramente marcado por diversos tipos de agressões, principalmente quando o alvo são as pessoas mais frágeis. Falaremos hoje sobre a agressão contra a mulher.
Entre 2020 e 2021, os resultados do Painel de Dados da ONDH (Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos), tabulados pelo ISD (Instituto Santos Dumont), mostram que no Brasil o número de delitos contra as mulheres triplicou. Passou de 271.392 registros para 823.127.
Há 16 anos, a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, tenta mudar esta realidade. Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica brasileira que, no ano de 1983, sofreu severas agressões do marido, o professor universitário Marco Antonio Heredia Viveros, sendo que numa delas, ele a deixou paraplégica. 
No entanto, a violência doméstica não se baseia apenas em agressões físicas, mas também, segundo esta lei, existe a violência de cunho sexual, moral, patrimonial e psicológica. Todas são, sem sombras de dúvidas, agressões que marcam a vida da mulher, independente de qual seja a violência sofrida.  Contudo, hoje chamo a atenção do caro leitor (a) para a violência psicológica. Esta que não deixa traços físicos, e muitas vezes, nenhum tipo de prova. 
A violência psicológica é aquela que se baseia em qualquer conduta que cause danos emocionais, prejudicando a autoestima da mulher, lhe fazendo acreditar que realmente não é capaz de tomar suas próprias decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, vigilância constante, insulto, chantagem e tantas outras situações que causem prejuízo à sua saúde psicológica. Esta se dá sutilmente sem que a vítima nem sempre perceba, pois, a violência mais grave não acontece da noite para o dia. Surge o primeiro insulto, ou aquela decisão em que você nem pôde opinar... Quando se dá conta já está fadada a uma vida controlada, infeliz e sem sentido e não sabe como reverter esta situação. Por isso, pedir ajuda aos órgãos competentes é primordial.
Que tenhamos a sensibilidade e responsabilidade necessária para entendermos que todos nós merecemos ser respeitados e que "amor e agressão" não cabem no mesmo lugar. E como resolver isso? Denuncie nas delegacias especializadas, delegacias comuns, Defensoria Pública, Creas (Centros de Referência Especializados de Assistência Social) e também no disque denúncia 180. E assim como Maria da Penha o fez, apenas “não permita”!
 

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