Há pouco mais de um ano, nas páginas do jornal O Imparcial era possível ver especialistas do setor agropecuário lamentando sobre a estagnação no valor pago pela arroba do boi gordo. Hoje, a situação mostra-se pior ainda, uma vez que em Presidente Prudente ela é comercializada ainda mais barato que no ano passado, sendo de R$ 150 para R$ 143,62, conforme os dados do IEA (Instituto Agrícola de Economia). A redução é de 4,25% na comparação entre os dias 6 de janeiro de 2017 e a cotada ontem. Contudo, se por um lado afeta o pecuarista, quem comemora é o varejo, devido ao reflexo positivo na venda de carnes.
Em contrapartida, há quem não acredite nisso. O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia, fala que apesar dos preços da arroba estarem mais baixos, nos estabelecimentos não tem percebido a diferença, o que fomenta outro pensamento dele. “Por que a carne no varejo não abaixa se o preço pago ao produtor está pior? Estamos falando de um mercado que não é justo e nada harmônico. Um verdadeiro cartel, no qual frigoríficos e produtores específicos se beneficiam”, conta.
E em meio a esse cenário, ele explica que cabe aos “excluídos” desse montante colocar suas cifras lá embaixo, de modo que possa atrair mais e conseguir vender. Ainda de acordo com Nabhan, há um bom tempo, até mesmo em 2016 - quando os valores praticados eram melhores -, muita gente tem trabalhado no prejuízo, pois está devendo.
E se deve, acaba deixando de investir, uma vez que está lucrando pouco. “Adubação, pastagem e outros investimentos no próprio negócio que aconteciam há um ano, hoje deu uma brecada, porque além do retorno dele, o produtor tinha sobras para poder realizar essas ações”, é o que diz o diretor técnico do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Presidente Venceslau, Felipe Melhado, ao analisar a situação. Acrescentando, ele não deixa de citar que não só a crise econômica afetou, mas também a política.
“O modo em que as empresas do ramo foram investigadas pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela Policia Federal, manchou a reputação delas e de frigoríficos ligados. Com isso, abriu espaço para produtores e empresas menores, que abaixaram os preços para ter um espaço”, completa Felipe. Para ele, os escândalos envolvendo as indústrias de processamento de carne foram primordiais para que o mercado todo sofresse com baixas.
Estamos falando de um mercado que não é justo e nada harmônico. Um verdadeiro cartel, no qual frigoríficos e produtores específicos se beneficiam
Luiz Antônio Nabhan Garcia,
presidente da UDR
Mesa farta
Se por um lado a UDR acredita que os valores nos estabelecimentos comerciais não abaixaram, mesmo com a queda na arroba do boi gordo, pelo outro, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carne do Oeste Paulista, Jesuíno Paiva Cavalcante, há motivos sim para comemorar, uma vez que o preço da carne está mais em conta do que nos anos anteriores. Tal ocasião, segundo ele, foi motivada sim pela crise no mercado.
“É normal isso de cair o valor da carne no final do ano, por conta de mais procura e as datas comemorativas. No entanto, desde abril isso já vem sendo praticado, foi quando a cifra paga à arroba do boi despencou”, justifica Jesuíno. Para ele, é época de “mesa farta e exemplo de vida”, uma vez que o consumidor já enfrenta alta em outros setores.
Entre março e fevereiro de 2018, a previsão é de preços maiores, porém, como já é previsto nesta época do ano. Contudo, não destoa dos valores praticados hoje, ainda de acordo com o presidente do sindicato.
VALOR DO ARROBA DO BOI GORDO
MUNICÍPIO |
Valor pago em 22/12/2017 |
Valor pago em 21/06/2017 |
Valor pago em 22/12/2016 |
Valor pago em 22/06/2016 |
Valor pago em 22/01/2016 |
Presidente Prudente |
R$ 144,60 |
* |
R$ 152 |
R$ 156 |
R$ 150 |
Presidente Venceslau |
R$ 145,57 |
R$ 131 |
R$ 150 |
R$ 156 |
R$ 152 |
Fonte: Iea
(*) Sem informação