Nossos grandes mestres do jornalismo estão indo embora

OPINIÃO - Antonio Figueiredo Feitosa

Data 07/12/2021
Horário 04:12

Agora é a vez de nos despedir de ADELMO SANTOS REIS VANALLI, radialista e jornalista, com extraordinários serviços prestados a Presidente Prudente e região. Digo com acendrado orgulho que perdi um ex-chefe e um grande amigo que fiz ao longo da vida até o seu último dia. Ele nos deixou, neste domingo, dia 5 de dezembro de 2021, aos 87 anos bem vividos e uma família de cinco filhos, 11 netos e sete bisnetos.
ADELMO iniciou a sua carreira na Rádio Presidente Venceslau-ZYH-7, em 1950, juntamente com Altino Correia e Rubens Shirassu. Em 1957 ingressou na Rádio Presidente Prudente-ZYR-84 onde ficou até 1969, quando assumiu a direção de O Imparcial ao lado de Deodato e Mário Peretti. Foi um profissional longevo com 71 (setenta e um) anos ininterruptos de atividade, dos quais 64 (sessenta e quatro) em Presidente Prudente. Uma trajetória longa e brilhante.
ADELMO foi o maior jornalista de todos os tempos em Presidente Prudente, como bem asseverou Sinomar Calmona. Era sério, íntegro, honesto, de reputação ilibada, extremamente capaz, respeitado, admirado, digno, incorruptível, confiável e, absolutamente, ético. Foi uma sumidade na sua profissão. Tinha um talento enorme e uma credibilidade imensa, difícil de ser conquistada por um profissional da imprensa.
ADELMO tinha um texto escorreito, irretocável, preciso, conciso e extremamente consistente. Foi um editorialista por excelência, que enriquecia as páginas de O Imparcial com artigos, crônicas e editoriais dignos dos grandes mestres do jornalismo brasileiro. Era perfeito no que fazia. Não tinha lado partidário. Era perspicaz, corajoso, independente, articulista por excelência e muito atento aos cenários local, regional, nacional e internacional. O seu lado era o da notícia precisa que retratasse o fato com absoluta fidelidade. Priorizou sempre a boa informação. Testemunhou e reportou momentos históricos da cidade e região.
Trabalhei com o Adelmo, nos anos de 1966 e 1967, na Rádio Presidente Prudente-ZYR-84. Tinha à época 20 anos quando ele me tirou da Rádio Difusora-PRI-5 onde estava desde 1964, pelo dobro do salário que recebia, para formar a dupla de narradores esportivos com Jurandir Gomes e depois com Himer Lombardi. Passou a me orientar e direcionar para outras atividades, além das esportivas, dentro da emissora como animador de auditório, Apresentador de Jornal Falado e âncora do dominical Traços de União da Alta Sorocabana. No final de 1967, quando estava apresentando o Jornal Falado ele ingressou, na área de sonoplastia, com o cineasta e documentarista Primo Carbonari, que ouviu com atenção a narração que fazia com Bendrath Junior. Fui, de imediato, contratado para apresentar os cinetelejornais e nos primeiros dias de janeiro já estava em São Paulo. Claro que ali estava o dedo do amigo Adelmo.  Sempre reconheci sua importância na minha vida profissional. Viajamos muito pelo Estado de São Paulo para coberturas dos jogos da A. Prudentina de E.A. e do E.C. Corinthians, Lembro-me de uma transmissão, quarta-feira à noite, na Vila Belmiro, entre Santos e Prudentina, em que a minha voz falhou em boa parte do jogo e tive que recorrer ao Hélio Athia para breves comentários. Ele estava ao meu lado dando todo apoio. 
O Hélio Athia, por sinal, formava com o Adelmo a dobradinha que dirigia a Rádio Presidente Prudente. Eram dois profissionais e amigos inseparáveis. Nunca se conformou pelo fato do Hélio Athia ter deixado Presidente Prudente. Tinha uma saudade imensa do amigo, até que, anos atrás, consegui localizá-lo em Santos e os dois puderam conversar. Infelizmente, Hélio faleceu alguns anos depois.
Nasceu, em seguida, uma grande amizade que mantivemos até o seu último dia de vida. Como diretor de redação de O Imparcial me apoiou e incentivou em todos os empreendimentos, dos quais participei. Quando criou o Troféu Heitor Graça, que agraciava as personalidades que mais se destacavam no ano, ao lado de Deodato da Silva e de Mário Peretti, tive a honra de ser o apresentador em várias oportunidades. 
Foi um exemplo de ética, de profissionalismo, de devoção ao jornalismo, de amor à família e à vida.
Deixa um legado imenso para o jornalismo prudentino. Foi se juntar a Rubens Shirassu, Hélio Athia, Mário Peretti, Geraldo Soller e João do Mato. E, claro, ao seu inseparável amigo Botucatu.
Vá em paz, ADELMO SANTOS REIS VANALLI, na certeza de que deixou discípulos e amigos. Que Deus o acolha na sua morada. Saiba que deixa uma enorme saudade.

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