O Brasil tem jeito

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 30/01/2018
Horário 12:44

No dia 24 de janeiro o país esteve atento ao julgamento do ex-presidente Lula (PT), político mais popular do mundo, segundo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (2009). Para uns o ex-presidente está sendo perseguido e injustiçado, para outros, a justiça está prestes a ser feita. O que pensar diante dos fatos? Será que o Brasil tem jeito?

A defesa do ex-presidente, representada pelo advogado Cristiano Zanin, diz que os julgamentos são tendenciosos e que o juiz Sérgio Moro não é imparcial, pois, tem negado pedidos da defesa e participado de eventos como o lançamento do livro da “Lava Jato”, do jornalista Vladimir Neto, em junho de 2016. O livro traz os apontamentos da sentença de Moro sem que os recursos tenham sido julgados. Isto, segundo Zanin, deveria afastar o juiz do processo.

“Presumir que o acusado é inocente e o direito de questionar os apontamentos do juiz não está sendo respeitado”, diz Zanin. Conclui-se que diante do fato de que não há provas de que o ex-presidente cometeu crime, a defesa protesta quanto a sentença dos juízes e diz que as acusações recaem sobre uma pessoa inocente.

Por outro lado, estão os desembargadores que, por unanimidade, ratificaram a sentença e aumentaram a pena. Os apontamentos da defesa foram desmantelados durante a fundamentação do voto de cada desembargador. O excelentíssimo senhor Victor Laus, em especial, deixou claro que os indícios isoladamente podem parecer frágeis, mas quando colocados no contexto, estes constroem fatos sólidos. Por exemplo, alguém rouba um banco! Na hipótese do ladrão não confessar, os investigadores irão procurar indícios do crime para sustentar a acusação: testemunhas, quantia do dinheiro levado, seguradora do banco, calendário de retirada do cofre, documentos, álibis dos suspeitos...

Além disso, o desembarcador deixou claro que o presidente da República responde pelos atos dos ministros e servidores que foram indicados por ele. Portanto, crimes cometidos na Petrobras, por exemplo, atingem diretamente o ex-presidente Lula.

É difícil para leigos fazer julgamento de valor e dar razão para a defesa ou acusação; para isso, temos o judiciário preparado para julgamentos. Quanto a afirmação de que o PT está sendo perseguido: é difícil acreditar. Pois, um dos maiores opositores ao partido, Eduardo Cunha, está preso, antes mesmo do julgamento do ex-presidente. Em vista disso, espera-se que a mesma força da lei utilizada contra os petistas, seja também empregada em outros políticos, inclusive o atual presidente, que em breve perderá o foro privilegiado. Assim sendo, quem sabe, possamos retomar a esperança de que o Brasil tem Jeito!

Publicidade

Veja também