O homem que claudicava

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor das padarias e das pradarias

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 29/12/2022
Horário 05:30

Jeitosinha, com cara de Barbie Morena, a Martinha era uma garota descolada que adorava uma farrinha, quer dizer, adorava balada. Baladeira da hora e, talvez, de grife. Vai daí que, quando terminava o expediente de trabalho no escritório de contabilidade na sexta-feira, ela não via a hora de chegar em casa para se produzir para a noitada.
Vestia o melhor "tecido". No caso em questão, "tecido" aqui significa vestido. Aliás, vestido, digamos, provocante, coisa de diva do cinema dos anos 40 e 50 do século passado. Ou vestido à la Lady Gaga, que não tem nada de gagá.
Quando dava coisa de 11 da noite, Martinha já estava arrumada, na maior estica, e ia sozinha para uma casa noturna, recinto com um quê de inferninho, onde, segundo o Stanislaw Ponte Preta, o diabo não entra para não se sentir inferiorizado. 
A moça era frequentadora assídua e, por isso, os garçons sabiam o que a ilustre habitué gostava de beber. Martinha mandava ver na vodca e na cerveja, o que a deixava pra lá de Bagdá depois de tomar "milhares de gotas" dessas águas que trinca-ferro não bebe.
Entre uma dose e outra, a jovem dançava com os rapazes e se interessou por um deles. "Prazer, sou o Nonato, a seu dispor", disse o jovem que claudicava de uma perna. Martinha ficou encantada com aquele rapaz tão educado, que em nada lembrava os cafajestes tão comuns nas boates.
Os dois conversaram mais do que o Biden  e o Zé Lensky, o bobo da corte. Martinha percebeu que o moço era coxo e usava uma espécie de pantufa adaptada no pé esquerdo. Como não era uma pessoa preconceituosa, ela não se importou com a deficiência física de Nonato.
Àquela altura do certame, os dois já estavam aos beijos e abraços, mais grudados do que cola de sapateiro. Claro que ninguém vai à balada para rezar, muito menos a Martinha e o Nonato. Já íntimos foram embora antes de o sol nascer.
"Na minha casa ou na sua?", propôs o rapaz. Ao que a moça respondeu: "Prefiro motel com banheira de hidromassagem". Nonato aceitou de bate-pronto, pois queria fechar a noitada com chave de ouro ou, no mínimo, de prata e nunca de bronze.
Assim que chegou ao motel, o casal pensou primeiro na higiene íntima. Martinha foi logo tomar banho, pensando em usar a banheira mais tarde, depois do pega pra capar. Logo depois, o jovem tirou o "pano", isto é, se despiu e entrou no banheiro.
Ele deixou a porta aberta e, ao vê-lo peladão, um detalhe chamou a atenção de Martinha: ela estranhou a ausência do "documento". "Ué, você não tem bilau?", quis saber a moça. Com um sorriso maroto e ar superior, Nonato explicou: "Tenho sim. O que eu não tenho é a perna esquerda". Mais não disse nem lhe foi perguntado.
 
DROPS
 
De onde mais se espera também não sai nada mesmo.
 
Filme da semana no Cine Brasil: O Vendedor de Ilusões, estrelando Tchutchuca e grande elenco.
 
Pimenta nos olhos dos outros é colírio. 
 
Era um astrônomo tão eficiente que descobria estrelas até no céu da boca.

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