O peso das dívidas

EDITORIAL -

Data 23/07/2025
Horário 04:15

A inadimplência deixou de ser um problema isolado para se tornar parte da rotina de milhões de brasileiros e Presidente Prudente não está imune a essa realidade. Dados divulgados pelo Serasa referentes ao mês de maio revelam um retrato alarmante: 88.327 prudentinos estão com o nome negativado, o que corresponde a 39,14% da população do município, conforme o último Censo Demográfico de 2022.
Essas pessoas enfrentam um verdadeiro drama cotidiano. Ao todo, são 397.289 dívidas acumuladas, somando impressionantes R$ 732 milhões em débitos. Cada inadimplente carrega, em média, R$ 8.287,74 de dívidas, valores que, para a maioria, estão muito além do que cabe no orçamento familiar apertado.
Mais do que números, estamos falando de vidas. Famílias inteiras que lutam para manter o básico: moradia, alimentação, transporte e saúde. O desemprego, o subemprego, a alta da inflação e os juros exorbitantes compõem o cenário que empurra cidadãos comuns para o abismo financeiro. A realidade é cruel: a cada dia, muitos precisam escolher entre pagar uma conta ou colocar comida na mesa.
A inadimplência em massa também é um sintoma de um sistema desigual, em que o acesso ao crédito nem sempre vem acompanhado de educação financeira, e onde a renegociação de dívidas muitas vezes se transforma em uma armadilha ainda mais cara. E o reflexo vai além da vida pessoal: impacta o comércio, desaquece a economia e gera um ciclo vicioso de retração e insegurança.
Não há solução mágica. Mas é urgente que o poder público, as instituições financeiras e a sociedade como um todo encarem o problema de frente. Campanhas de renegociação com juros justos, acesso à informação e políticas públicas de inclusão econômica são caminhos possíveis para aliviar o sufoco de quem quer, mas simplesmente não consegue, sair do vermelho.
A inadimplência não é escolha. É consequência. E ignorá-la é perpetuar a injustiça silenciosa que consome boa parte do país.
 

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