O professor e as “máquinas”

OPINIÃO - Rosana Borges Gonçalves

Data 11/12/2021
Horário 05:00

A Europa foi palco da grande Revolução Industrial, em especial a Inglaterra. Tempo marcado pela transição do trabalho artesanal para manufatura. As máquinas tornaram-se ponto de referência, e seus operários se viram diante do desafio de manuseá-las sem qualquer tipo de conhecimento prévio, onde os acidentes, incluindo mutilações, eram constantes. Segundo a Relacul (Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade), os locais onde os artesãos realizavam seus trabalhos foram sendo, aos poucos, substituídos pelas fábricas. Esta foi uma grande mudança cultural que levou o mundo a repensar sua realidade.
Na pandemia, o distanciamento social foi a melhor forma para se proteger. O trabalho remoto se popularizou nas escolas e mais uma vez fomos desafiados a lidar com as máquinas. Hoje os equipamentos se estendem a computadores de última geração, laptops, celulares e tudo quanto a era digital e as Tecnologias de Educação e Comunicação (TIC) conseguem nos proporcionar. E, negar a tecnologia não é uma opção. 
A maioria dos professores conta com experiência didática de sala de aula longe dos computadores. Para alguns, um desafio fácil, mas para outros nem tanto. Muitos profissionais da educação, ainda com dificuldade em lidar com as tecnologias, procuraram amparo em cursos de formação ou até mesmo entre os próprios colegas. Um caminho preocupante! 
É tempo de investir em formação de qualidade, tanto para aqueles que agora ingressam na graduação em Pedagogia, quanto para os professores que já cumpriram boa parte deste caminho. A nova lei do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e valorização dos Profissionais da Educação), Lei Nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020, em seu art. 2º, diz que “Os Fundos destinam-se à manutenção e ao desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos profissionais da educação…”. Portanto, esperamos que a lei seja devidamente cumprida e que os direitos dos professores sejam todos respeitados desde o incentivo à formação até mesmo em sua valorização salarial.
Muitas revoluções já aconteceram e continuarão acontecendo. Isso faz parte do crescimento do ser humano. O que não podemos nos esquecer é de que em todas elas houve sacrifícios e frutos. Que o professor não seja o artesão mutilado. Que seja reconhecido por sua capacidade de se adaptar, seus conhecimentos e habilidades em lidar com pessoas. As máquinas são importantes desde que continuem sendo um meio e não o fim.
 

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