Como o dinheiro público deve ser utilizado?
Quem define o que é prioridade quando o dinheiro é de todos?
Quais são os limites entre o interesse público e o interesse político?
E quando o que é de todos passa a servir a poucos — ainda podemos chamá-lo de público?
O que é mais grave: gastar o dinheiro errado ou decidir sozinho o que é certo?
Pode haver transparência onde não há diálogo?
Pode haver participação onde não há escuta?
Pode haver democracia sem confiança?
Quando o poder decide em nome da cultura, a quem ele representa?
E quando a cultura é usada para justificar o poder, quem fala por quem cria?
Quantas vozes cabem em uma ata?
E o que acontece quando as atas se calam?
Para quem serve um conselho que não ouve o conselho de quem faz cultura?
Quem fiscaliza quem decide?
Quem explica para o artista por que o dinheiro que era para fomento virou passagem e diária?
E quem responde ao contribuinte quando o bem público é usado para o benefício privado?
Será que aprendemos a cuidar do que é de todos?
Ou nos acostumamos a chamar de “público” o que já foi tomado pelo costume do privado?
Será que o dinheiro público ainda é sagrado — ou se tornou uma extensão de gabinetes e vontades?
Quando o recurso da cultura deixa de chegar à periferia, o que deixa de existir primeiro: o projeto ou a esperança?
E nós, que vivemos da cultura, o que fazemos com tudo isso?
Nos calamos?
Nos acomodamos?
Ou seguimos perguntando — não por desconfiança, mas por amor ao que é de todos?
Porque perguntar também é um ato de garantir confiança.
E talvez o primeiro passo para mudar o que é público seja aprender a não aceitar o silêncio como resposta.