Fui convidado por Sinomar Calmona para escrever textos do cotidiano semanalmente no jornal O Imparcial. Quem nos aproximou foi o Sr José Ilário Pasquini, grande líder do Movimento em Defesa do Timburi, que nos deixou nessa semana finda. Como já me manifestei, as experiências que vivemos juntos ainda vão gerar muitos frutos. E um deles será essa coluna semanal. Como não poderia deixar de ser, em homenagem ao amigo José Ilário, vou começar falando do Timburi. Reproduzo aqui um texto que escrevi após uma daquelas reuniões do movimento e que nunca foi devidamente divulgado. Segue o original.
“Muita gente tem se mobilizado para defender mananciais que abastecem nossa cidade. Localizados no bairro histórico do Timburi, na zona rural do município, esses mananciais correm o risco de serem contaminados, caso uma empresa privada consiga o licenciamento ambiental para instalar naquela área um aterro sanitário regional, com capacidade para depositar até mil toneladas de lixo trazido de mais de 30 municípios num raio de 80 quilômetros de Presidente Prudente. Mas a população prudentina soube ouvir os gritos de alerta:
1- As águas do Timburi são um patrimônio de todos prudentinos! - levantaram as vozes de promotores públicos.
2- A água é a seiva da terra, de onde se produz o alimento que abastece a nossa mesa, esteja no campo ou na cidade! - gritaram os agricultores daquele bairro.
3- O processo de transformação da água em água potável é lento, frágil e muito limitado! - lembraram os professores universitários especialistas no assunto.
4- O equilíbrio e o futuro da nossa cidade dependem da preservação das águas do Timburi e de suas nascentes! - gritaram os ambientalistas.
5- A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores! - nos alertaram os líderes religiosos.
6- A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: é preciso saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo - como afirma literalmente a Declaração Universal dos Direitos da Água.
7- As nascentes de Presidente Prudente não devem ser desperdiçadas nem poluídas, nem envenenadas, conforme previsto em nossas leis! - disseram, numa única voz, todos os vereadores prudentinos.
8- A utilização das águas do Timburi implica respeito às leis! - nos advertiu a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Regional de Presidente Prudente.
9- Não é possível se sobrepor o lucro de uma única empresa ao planejamento público da gestão da água, que deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre as terras do nosso município! - falaram bem alto todos, como um sopro do vento da esperança”.
Texto adaptado da Declaração Universal dos direitos da Água, ONU, 1992.
