Oeste paulista cataloga crescimento populacional de 2,72% em 3 anos, revela estimativa do IBGE

Número de habitantes da região de Presidente Prudente passou de 858.554 para 881.985, um total de exatos 23.431 novos moradores, aponta levantamento

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 02/09/2025
Horário 05:02
Foto: Arquivo/O Imparcial/Maurício Delfim Fotografia
Presidente Prudente, no caso do saneamento básico, atinge um índice de 300%, indica sociólogo
Presidente Prudente, no caso do saneamento básico, atinge um índice de 300%, indica sociólogo

Entre 2022 e 2025, a população do oeste paulista, ou seja, a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, registrou um crescimento de 2,72%, segundo estimativa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no fim de agosto, com data de referência de 1º de julho. Neste período de três anos, o número de habitantes da região passou de 858.554 para 881.985, um total de exatos 23.431 novos moradores, aponta o levantamento.
Presidente Prudente apresentou elevação acima da média de regional, marcada em 4%, saltando de 225.668 moradores, em 2022, para 234.706, neste ano. O mesmo ocorreu com a vizinha, Álvares Machado, com majoração de 4,18%, de 27.245 para 28.386 habitantes. O maior aumento populacional do oeste paulista, no entanto, que chegou a 19,90%, ficou para Irapuru, que foi de 5.938 para 7.120 residentes.
Em contrapartida, algumas cidades registraram evasões no período analisado. São os casos de Euclides da Cunha Paulista (-0,51%), Flora Rica (-0,26%), Rosana (-0,03%) e Santo Anastácio (-0,01). 

Qualidade de vida como diferencial
O sociólogo prudentino Marcos Lupércio Ramos explica que, considerando que o oeste paulista, como um todo - exceto uns poucos municípios - teve crescimento populacional, isso indica, pensando de maneira positiva, que a região apresenta elementos significativos em termos de qualidade de vida, que levam ao seu crescimento vegetativo, tanto pela variável “taxa de natalidade versus taxa de mortalidade”, quanto pelo aumento no número de migrantes intrarregional ou extrarregional. “Se a qualidade de vida é um diferencial, implica em elementos importantes para isso: oferta de saúde, educação, saneamento básico, empregabilidade, renda e lazer”, destaca.
Marcos enfatiza que a lógica da evolução da população do oeste paulista segue o mesmo padrão do resto do país onde houve crescimento. “O Brasil, como um todo, está na fase 4 da transição demográfica - vai até 5 - e, nessa fase, apesar da diminuição da taxa de fertilidade [1,6 filho por mulher] e que está abaixo da taxa de manutenção da população, que é em torno de 2,1 filhos por mulher, a população continua crescendo, porque estamos vivendo mais, ou seja, a expectativa de vida está aumentando”, esclarece.
O que explica esse aumento da expectativa de vida e, consequentemente, na estagnação e/ou recuo na taxa de mortalidade? “Investimentos públicos em saúde, saneamento básico e educação, o que se traduz em maior qualidade de vida. Cidades como Presidente Prudente, por exemplo, no caso do saneamento básico, atinge um índice de 300%, isto é, 100% das residências ligadas a rede de distribuição de água potável, 100% das residências e outros imóveis [comerciais, industriais e de serviços] ligados a rede de coleta de esgoto e 100% de tratamento do esgoto coletado”, frisa o sociólogo.
“Nesse aspecto, estamos bem acima da média nacional. Em termos de saúde e educação básica e mesmo no ensino superior, a região também se destaca. Essas condicionantes ampliam a expectativa de vida criando condições para o maior crescimento vegetativo da população, mas também, se tornam atrativos para a migração interna. Essa migração pode estar se dando pelo deslocamento de indivíduos de outras regiões do Estado e do país, mas também, de cidades menores da própria região”, complementa Marcos.

Decrescimento populacional
Em um futuro próximo - a partir de 2040 – o país entrará no último estágio da transição demográfica - fase 5 - no qual, haverá decrescimento populacional em função de maior queda na taxa de natalidade em decorrência da diminuição do índice de fertilidade, indica o sociólogo.
“É um processo natural decorrente de mudanças culturais da sociedade, dentre os quais, querer ter filhos - pelo menos mais que um - não seria a prioridade para o universo feminino. Haverá a tendência de aumento da expectativa de vida - teremos mais anos de vida - o que demandará ampliação de políticas públicas e privadas em termos de atendimento das demandas dessa camada da população, como por exemplo, em termos de asilos e/ou cuidadores e também de mobilidade urbana”, ressalta Marcos. “Nesse cenário, cidades menores perderão mais população em função da migração para cidades maiores que ofertem maior qualidade de vida para os idosos. A conferir”, prossegue.

Importância dos dados
Marcos pontua que a importância desse levantamento de dados do IBGE está em duas esferas. A primeira na redistribuição dos tributos federais e estaduais por meio dos fundos de participação dos municípios. Cidades que crescem em termos populacionais passam a dispor de mais recursos e, ao contrário, municípios que têm diminuição populacional, perdem investimentos. A outra esfera, refere-se ao campo do planejamento público e também privado. 
“Sabendo quantos são os munícipes por idade e sexo, os responsáveis públicos podem ter parâmetros de quais áreas irão demandar mais recursos, por exemplo, em termos de creches, escolas, vacinação, saúde do idosos, saúde da mulher, construção de moradias populares, etc”, exemplifica.
“As empresas também podem se beneficiar da disponibilidade desses dados, pois podem, também, planejar os seus investimentos, como a ampliação de lojas comerciais, escolas particulares, hospitais particulares, clínicas de saúde, área de lazer, bares e restaurantes, etc. Portanto, antes de mais nada, tais levantamentos demográficos proporcionam dados que levam ao melhor planejamento dos recursos públicos e privados”, finaliza o sociólogo.

Arquivo

Marcos: “em termos de saúde e educação básica, e mesmo no ensino superior, região se destaca”

 

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