Oração pela pátria

OPINIÃO - Gaudêncio Torquato

Data 21/10/2020
Horário 04:59

Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome!
Pedimos as suas bênçãos, Senhor, nesse tormentoso ciclo em que nosso país registra mais de 154 mil mortos de uma pandemia que já contaminou até o momento 5,2 milhões de pessoas em todos os Estados. Ouça nossa prece, Senhor, antes que a mortandade continue a se expandir pelo território.
É bem verdade, Senhor, que habitamos um território belo e imenso, do tamanho de um continente, que até abriga a maior reserva de água doce do mundo, mas os nossos biomas terrestres padecem de secas, queimadas, incêndios perpetrados por espíritos maldosos. 
Agradecemos, Senhor, pela extrema generosidade com que nos agraciou, dando-nos terra tão rica, onde se plasmou a índole de uma gente singular, assentada em um “processo de equilíbrio de antagonismos”, como ensina o mestre Gilberto Freyre: as culturas europeia, indígena e africana; o católico e o herege; o jesuíta e o fazendeiro; o bandeirante e o senhor de engenho; o bacharel e o analfabeto; o senhor e o escravo”. Mas as desigualdades têm se expandido ao longo de séculos.
Que venha a nós o vosso Reino!
Que venha logo, Senhor. Antes que o nosso Pantanal seja tragado pelo fogo. Antes que a extrema pobreza volte a massacrar a base da nossa pirâmide social. Nosso mais bonito cartão postal, o Rio de Janeiro, virou praça de guerra. Balas perdidas matam crianças e sonhos.
Dai-nos, Senhor, bom senso para evitarmos usar as armas da intolerância e da condenação aos infernos de quem ousa discordar de métodos como invasão de propriedades, depredação de patrimônios, incitação à violência. Queremos paz. 
Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no céu.
Que a vossa vontade, Senhor, chegue até nós sob a paz dos céus baixando no nosso território, elevando os menos favorecidos a degraus superiores e dando aos habitantes do alto da pirâmide social nobreza de espírito para minorar desigualdades e enxugar as lágrimas dos aflitos.
Perto de 15 milhões de brasileiros estão desempregados, Senhor, e outros milhões não têm recursos para comprar comida em quantidades necessárias para sua sobrevivência. 
O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Esse pão que é para uns e escasso para outros.
Rogamos, Senhor, que injete na consciência dos homens públicos o dever sagrado de cumprir sua missão sem manchas. Temos uma eleição no próximo mês. Ilumine, Senhor, a consciência dos candidatos, fazendo-os assumir compromissos para garantir qualidade aos serviços públicos. 
Perdoai as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
O perdão, Senhor, é para as ofensas do nosso cotidiano, essas comuns que se revelam em deselegância na interlocução, em gestos mal educados que ferem a sensibilidade do interlocutor. Mas assaltantes do Estado, que formam as milícias do poder invisível, esses precisam prestar contas à Justiça.
E não nos deixei em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém!
 

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