Pacientes reclamam da "precariedade” nos serviços de saúde

Grupo teme a possibilidade de fechamento do local, por conta da Reforma Psiquiátrica promovida pelo Ministério da Saúde

PRUDENTE - JEAN RAMALHO

Data 02/11/2016
Horário 09:09
 

Referência para 45 municípios da região de Presidente Prudente, o Ambulatório Regional de Saúde Mental é alvo da indignação de pacientes e usuários, que reclamam de eventuais mudanças nos serviços, como também de uma possível falta de profissionais no local. Tais alterações estariam prejudicando o tratamento dos pacientes e resultando na precarização dos serviços prestados pela unidade. Além disso, o grupo teme a possibilidade de fechamento do local, por conta da Reforma Psiquiátrica, promovida pelo Ministério da Saúde.

O caso do Ambulatório Regional de Saúde Mental já foi pauta de uma matéria de O Imparcialem fevereiro deste ano. Na ocasião, segundo relatos dos pacientes, "dois médicos atuavam na unidade". Além disso, uma das atendidas afirmava que não recebia a orientação de um psicólogo "há seis meses".

Jornal O Imparcial Usuários dizem que o local tem apenas uma médica psiquiatra e nenhum psicólogo

Situação que só piorou de lá pra cá. Atualmente, de acordo com os usuários, "por motivo de aposentadoria, o ambulatório conta com apenas uma médica psiquiatra". Por sua vez, a psicóloga também teria se aposentado na última sexta-feira, o que teria deixado a unidade sem a supervisão deste tipo de profissional. "Os médicos e demais profissionais da saúde foram se aposentando e o Estado não está repondo esses funcionários. Com isso, quem sofre somos nós, pacientes, que temos nossos atendimentos prejudicados", afirma Sérgio Peres Ramos, 53 anos, que frequenta a unidade há mais de 20 anos.

Mas além da falta de médicos e psicólogos, outra preocupação que aflige os usuários é a possibilidade do fechamento do ambulatório e a descontinuidade nas oficinas disponibilizadas. No local, os pacientes podem participar de atividades de pintura, bordado, costura, entre outros artesanatos, que funcionam como paliativo no tratamento. "Aqui participo de oficinas de pintura em tecidos e tela, além de confeccionar vasos e caixinhas. Isso tudo serve para distrair nossa cabeça. Então, se nos for tirado isso não sei o que será de nós", vislumbra Aparecida Iolanda Siqueira, 59 anos.

 

Diretrizes

A Secretaria de Saúde do Estado negou a possível intenção de fechamento do Ambulatório de Saúde Mental de Prudente. Contudo, a pasta afirma que desde 2001 segue as diretrizes implantadas pelo Ministério da Saúde, por meio da política de saúde mental do SUS (Sistema Único de Saúde) conhecida como Reforma Psiquiátrica. A medida determinou que o atendimento psicossocial ficaria ligado à rede básica, por meio dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que são administrados pelas secretarias municipais de Saúde.

Com isso, a pasta estadual destaca que, para evitar a sobrecarga nos atendimentos do Ambulatório de Saúde Mental de Prudente, "foi pactuado com o município de Presidente Prudente que conforme os Caps forem sendo implantados, na medida do possível, pacientes serão transferidos, segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, referente à Reforma Psiquiátrica". As mesmas medidas estariam sendo tomadas com outras cidades da região, a fim de "suprir a demanda de pacientes nas abrangências do Estado".

 
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